O meu olhar neste quadro perde-se nos detalhes: no adamascado da toalha branca, e no adamascado da toalha vermelha. Na forma como a luz é reflectida pelos tecidos. Nos vincos impecáveis das toalhas, na renda. Na luz do copo, na casca um pouco seca da maçã, na disposição e na cor dos queijos, nas sombras mais atrás. Fico encantada com o mistério que o quadro guarda. Aliás, a Pintura Flamenga, é exímia em pintar o que não se vê, e também neste quadro todo de equilíbrios, de luzes e sombras, de detalhes e de pose, uma falsa espontaneidade, imaginamos uma refeição simples e requintada. Começamos aqui.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, (...) E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía.