20/03/19

Raposas ...

As notícias em letras grandes sucedem-se a um ritmo frenético. Ainda não nos refizemos de uma que a outra se sucede a prender a nossa atenção. Um dia havemos de nos cansar de vez e deixar de ler e ouvir notícias. Mas essa é uma longa conversa, ou melhor, uma longa reflexão. 

Ontem um tiroteio numa mesquita na Nova Zelândia (para quando uma comoção mundial para as mortes de cristãos nas igrejas no Egipto ou no Paquistão, entre outros locais hoje impróprios para cristãos?), ou um outro tiroteio num eléctrico em Utrecht que se pensou ser querela familiar, mas afinal já não será e o espectro do terrorismo a espreitar. Hoje, tal como ontem, são ainda as cheias em Moçambique e a calamidade de sofrimento humanitário que nos mobiliza. Mas hoje há mais, ou não vivêssemos todos o suspense dessa novela em capítulos intermináveis chamada Brexit. Hoje, como se diz na gíria de telenovelas, houve capítulo duplo. Nesta fase, e fosse eu Britânica, já só pedia para que tudo acabasse a 29 de Março, sem acordo se necessário fosse, mas a telenovela tem de ter um fim; depois despedia os políticos que deixaram o país neste caos, indecisão e medo, e aproveitava para mandar os Donald Tusks deste mundo, ou melhor da EU, pentear macacos para bem longe de Bruxelas. 

No entanto foi um telefonema simples e curto que recebi que me apanhou de surpresa. Será um fait divers, (para usar uma expressão cara a Jorge Coelho) mas não estava preparada. Afinal, quem espera uma notícia assim? Neste mundo urbano e tecnológico em que tudo se programa não há espaço para estes imprevistos: não vou ter, na aldeia, os frangos campestres que encomendei para na Páscoa trazer para Lisboa. (Já congelados, claro, porque embora seja boa no manuseamento de facas, ando- no mínimo -  pouco treinada a matá-los e depená-los). Não há frangos tão simplesmente porque a raposa os apanhou e comeu. E não há nenhuma app que me valha. Raposas ...

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