Ouço e vejo todos os dias publicidade à comédia que está no Teatro Villaret em Lisboa que creio chamar-se “Dois Amores”. Dizem que está a ser um sucesso e eu fico sempre surpreendida com tais afirmações. Tenho sérias dificuldades em me rir com grande parte da comédia que se faz e consome cá. Sobre Herman José tudo já foi dito, faz tempo! Os cromos da TSF, as raras vezes que os ouço, e independentemente do cromo do dia, mudo logo de canal, tal é a falta de disponibilidade mental minha para ouvir textos básicos e de tão fraca qualidade, incapazes sequer de me fazer esboçar um sorriso. Ora eu não quero começar o dia mal disposta. O Ricardo Araújo Pereira já há muito que não escreve nada que verdadeiramente entusiasme na Visão. E eu vou lendo na esperança de que possa encontrar uma ideia insólita, uma ironia mordaz... nada! Aliás às vezes a previsibilidade chega a ser confrangedora. Resta o Inimigo Público que, uma vez por mês, sai verdadeiramente inspirado e me faz rir. E por cada episódio dos Gatos Fedorentos há, pelo menos, um sketch que nos desafia. E eu acho que já tenho sorte! Porque continuo sem perceber aqueles que falam de como o humor em Portugal está de boa saúde e cheio de talentos.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, (...) E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía.