23/12/06

Liberdade Religiosa

Apesar de vagamente anestesiada entre escândalo Apito Dourado na sua versão updated, melhorada e cheia de promessa justiceira e entre compras de Natal, trânsito e inevitáveis excessos próprios desta quadra, não me passam despercebidas as palavras de Bento XVI. A sua clareza e coragem em sair de um discurso vago e redondo que caracteriza tantos dos discursos que hoje políticos e ideólogos adoptam sempre no medo de ferir susceptibilidades ou então no medo de perder votos, são notáveis. Dizer que “o mundo muçulmano deve aceitar os direitos humanos e a liberdade religiosa, tal como a Igreja Católica foi pressionada a fazer no passado”, é algo de inédito. Primeiro porque pressupõe que os direitos humanos são aceitáveis pelo mundo muçulmano e que não o sendo, este mundo muçulmano, ou pelo menos parte dele, ficará à margem, excluídos de uma ordem moral laica e aceite internacionalmente. Segundo porque claramente diz e assume o facto de a Igreja ter sido, no passado, pressionada a fazê-lo referindo-se nomeadamente ao Iluminismo. As questões relacionadas com a liberdade religiosa no mundo muçulmano são demasiado sérias para que o mundo continue em silêncio.

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