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03/01/11

Da Tolerância

Aqui, no tolerante, bem pensante e, (creio não exagerar), plácido mundo ocidental, temos passado anos a debater a quadratura do círculo, ou o sexo dos anjos ou seja lá o que se quiser chamar, sob a forma de burka e locais apropriados ou não para a tolerar quando usada por mulheres muçulmanas. No meio do debate fala-se também em liberdades individuais, enche-se a boca com os direitos das minorias e prega-se a tolerância. Lá, no menos plácido, raramente bem pensante, e de facto pouco tolerante islão, assistimos dia após dia em países como o Iraque, o Paquistão, ou o Egípto à constante discriminação, à perseguição e ao massacre de cristãos.

O coro mantém-se calado, a tragédia desenrola-se e adensa-se perante um público indiferente: essas minorias incómodas no islão que são os cristãos (uma maioria papista, imagine-se), não merecem lágrima nem comoção, nem tão pouco uma breve referência às liberdades individuais ou à tolerância.

Nada de novo na frente ocidental: um dia, num tempo que espero não seja próximo (e já agora que não o meu), provavelmente acabaremos pelas nossas próprias mãos com a boca cheia das “liberdades individuais” e o coração tolerante. Há maneiras piores de acabar, dir-me-ão.

07/11/10

A Cristandade

Depois do sucesso (medido em números) que foi a visita de Bento XVI ao Reino Unido e a Portugal, a imprensa (RTP, com Rosa Veloso, não continha a excitação) faz eco da aparente “desilusão” (medida em números) que marcam esta visita do Papa a Espanha. Ao passar os olhos pela imprensa parece que – paradoxo dos paradoxos - no coração da cristandade os gays de Barcelona foram os que mais se mobilizaram com esta visita...

Ainda me espanto com a capacidade de mobilização “anti-papa” e genericamente “anti-cristianismo" de certos grupos face a instituições que nada lhes dizem. Lembrei-me de algo que aconteceu em Londres na minha recente visita à National Gallery. Estava um grupo de crianças sentado à frente de uma famosa pintura de Caravaggio, (The Supper at Emaus), e o professor interpelava animadamente os alunos sobre ela. As crianças estavam atentas, motivadas e levantavam o braço para poderem intervir explicando as emoções que o quadro lhes transmitia e eu fiquei um pouco ali também a partilhar o entusiasmo do professor e adesão dos alunos. De repente ouço-o explicar que Jesus era o senhor que estava com cabelo comprido e no centro do quadro, e que Jesus é muitas vezes retratado assim e às vezes até com barba. Em Londres, outro centro da cristandade (o berço do Anglicanismo) um professor explica às crianças quem é Jesus num quadro. Olhei melhor: as crianças eram inglesas “caucasianas”, não havia naquela pequena turma crianças de outra origem étnica que nos fizesse pensar que seriam “não cristãs”. Fiquei quase atordoada. Eu creio que nasci a saber reconhecer Jesus em qualquer quadro ou representação e esse ensinamento do professor – muito pertinente, não duvido – foi como um choque: nunca me tinha ocorrido, como um dado adquirido, que no mundo cristão era preciso ensinar quem era Cristo e como se reconhece Cristo numa representação.

Depois li Filipe Nunes Vicente neste post: está tudo dito.

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