24/06/08

Da Pobreza

O que se passa com os exames nacionais do ensino básico e secundário é um escândalo: o governo está, deliberadamente, a promover e a premiar a ignorância e a mediocridade sem outro objectivo nobre – e eu nem acredito que a promoção da ignorância e mediocridade possa algum dia ser feita em prole de um objectivo nobre – que não o de contornar estatísticas. Por causa de uns números europeus ou internacionais que medem e mostram o grau de literacia de um país estamos a por em risco a educação, o conhecimento e o rigor. Pura vaidade do nosso Primeiro-ministro que falhando noutras áreas quer fazer bonito aos olhos de fora tapando e escondendo as misérias domésticas. Pura perfídia para com o país (os pais) que paga tantos impostos e espera um ensino capaz e minimamente (já só digo minimamente) exigente, pura mentira para os alunos e professores que se esforçam com seriedade e rigor e vêm os seus esforços serem nivelados ao lado da mediocridade. É um caso de pobreza pura, moral sobretudo, mas também intelectual, porque a pobreza não tem só a ver com o dinheiro que se tem ou não no bolso, nem com as oscilações do mercado que faz subir os preços do petróleo. Mas desta pobreza fala-se pouco, é menos sloganizável.

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