04/06/09

Educação Sexual na Escola

Eu sou muito crítica em relação a muito do que é a Escola hoje. E por escola entendo quer a escola pública, quer a privada, pois ambas têm que seguir as disciplinas, os programas e os horários estabelecidos pelo Ministério da Educação. Em Portugal não há, infelizmente, verdadeira liberdade no ensino. A escola privada não pode escolher os seus programas, os pais não podem escolher o que os filhos aprendem. Ninguém se queixa muito!

Não gosto nem das disciplinas, nem tão pouco da distribuição horária. Ao fim de todos estes anos ainda estou para perceber o que é que no ensino básico se aprende, ou quais as mais valias de disciplinas como Educação Cívica (bullshit de quem tem medo da palavra “moral”), Área Projecto (twice bullshit que só serve para debitar banalidades “criativas” em power-point) e Estudo Acompanhado (thrice bullshit). Continuo a perguntar-me se não era melhor usar este tempo para a Matemática, o Português, a História, o Inglês. A distribuição da carga horária parece-me peculiar, há disciplinas cujos dois blocos semanais são dados seguidos – os célebres 90 minutos - e no mesmo dia da semana, claro, o que me parece verdadeiramente antipedagógico sobretudo num país com tantos feriados. Em cada trimestre há sempre um dia da semana que sai penalizado em relação aos outros.

Não gosto de muitos dos programas que conheço: lamento que o programa de Língua Portuguesa se faça totalmente até ao 9º ano à margem dos clássicos da Literatura Portuguesa. Lamento que a gramática seja palco de sucessivas experiências que umas avançam, outras avançam para depois (e felizmente) recuarem (lembrar a TLEBS). Não gosto do Estudo do Meio do 1º Ciclo em que cedo obrigam os meninos a conhecerem o 25 de Abril e a longa noite escura do fascismo de Salazar, antes de saberem quem é D. Afonso Henriques. Não gosto do tom das Ciências Naturais e muito menos do programa de Geografia (3ª Ciclo) em que os estudantes aprendem tantas competências que mal sabem onde são os cinco continentes e principais (maiores) países, mas sabem distinguir os diferentes tipos de planta das cidades (planta irregular, concêntrica ou ortogonal, segundo creio), sabem os problemas ambientais, mas não sabem onde fica o Sri Lanka ou a Bolívia. Poderia dar mais exemplos noutras disciplinas e se mais conhecesse, mais criticava com toda a probabilidade.

Dito isto, não tenho razão para esperar vir alguma vez a concordar com o teor do programa de Educação Sexual que este governo, tão amigo dos temas fracturantes e radicais, pretende implementar. Também confesso que isso não me preocupa tanto assim. Afinal, nos dias que correm é mais fácil em casa falar de preservativos, Kama Sutra ou homossexualidade do que dar a conhecer Fernão Lopes, Júlio Dinis ou Camilo Castelo Branco.


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