Serei eu uma cínica, mas (fazendo fé no que li) nada disto
é para mim uma surpresa. O Governo suspendeu o projecto para o analisar e reavaliar, mas parece que o resultado é previsível. A história pouco muda, e o lado mais fraco é, sem surpresa, o contribuinte. Ouvi há alguns meses Passos Coelho a favor do TGV (contra a opinião de M- Ferreira Leite, claro), pouco depois ouvi-o ferozmente (utilizando a palavra do Público) contra, e agora parece que está assim-assim a favor. Tudo tão previsível. Não se podem negociar, dadas as circunstâncias absolutamente excepcionais em que o país se encontra, e em benefício do bem comum, as condições das indemnizações, de modo a não embarcarmos neste projecto megalómano e de utilidade questionável: só mercadorias, sem terceira travessia do Tejo, meia-dúzia de comboios (!) por dia; e para o qual simplesmente não há dinheiro. Pode-se, no entanto, sempre e perante os mais variados pretextos, sobrecarregar os contribuintes, a famosa classe média que num piscar de olhos passou a ser apelidada de ‘ricos’, numa perfeita ilustração da nossa pobreza, mais de espírito do que doutra coisa. Pode-se ceder à pressão de Espanha ou de Bruxelas das empresas a serem indemnizadas, mas não se pode ceder ao bom-senso e proteger o interesse, hoje e nas circunstâncias actuais, dos portugueses.
Vitória? Só para os cegos, ou pior, para os que não querem ver. Ou de repente passa a dar imenso jeito embarcar e desembarcar mercadorias no Poceirão?