10/05/07

O Véu Islâmico 6

Eu percebo bem os turcos que recentemente saíram à rua e se manifestaram em defesa do seu estado secular, nem me parece extemporânea a manifestação de tais receios, como diz o Economist:

they fret at the prospect of such people controlling not only the government and parliament, as now, but the presidency as well. They fear that once the AK Party has got that triple crown, it will show its true colours—and that they will be rather greener. Given that a fundamental reading of Islamic texts sees no distinction between religion and the state, and that fundamentalism is spreading in the Muslim world, it is understandable that people should entertain such fears.

E têm razão para temer, este pequeno parágrafo é esclarecedor: nos textos sagrados do Islamismo não há separação entre Religião e Estado, e os cidadãos turcos mais “moderados” na sua prática religiosa e de hábitos perfeitamente ocidentalizados teme, e a História, nomeadamente a História mais recente de uma radicalização islâmica em várias partes do mundo, prova que ele tem razão em temer, o afunilar das suas liberdades através de medidas legislativas inspiradas na religião. Não foi assim há tanto tempo que na Turquia se debateu com a possibilidade da criação de legislação que considere o adultério um crime, bem como se debateu a possibilidade de restrições à venda e ao consumo público de bebidas alcoólicas. Nenhuma destas medidas tomou forma de lei, mas o espectro das leis religiosas não dão tranquilidade aos turcos “moderados”. A mim também não dariam, e neste aspecto estou em desacordo com o espírito do texto do Economist, que é normalmente mais céptico e menos “romântico”. Não adianta varrer para debaixo do tapete estas ameaças, estas tentativas e fazer de conta que não aconteceram. Elas são o sinal de que nada é um adquirido e de que aquilo que hoje é certo, amanhã pode não o ser.

(continua)

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