13/06/07

Outra vez José Saramago

Saramago, há uns anos atrás, quando lançava Ensaio sobre a Lucidez, incitava publicamente, num exercício de destemida ousadia (pensava ele), os eleitores a votarem em branco. Leio hoje aqui no Público que numa conferência no Norte de Espanha, noutro exercício de destemida ousadia (continua ele a pensar), apela à insubmissão da população contra as “democracias contemporâneas, que na sua opinião não passam de plutocracias”. Eu sei que ser escritor e escrever ficção abre todas as portas do possível e a maioria das portas do impossível, mas em conferências em que se pretende ser lúcido e crítico em relação à realidade e se afirmam inusitadas pérolas de sapiência do género já não há governos socialistas, ainda que tenham esse nome os partidos que estão no poder, ou ainda antes gostávamos de dizer que a direita era estúpida, mas hoje em dia não conheço nada mais estúpido que a esquerda, fica-se com vontade de lhe pedir que, por favor, quede-se em Lanzarote a escrever livros, que esses só lê quem quer e só compra quem quer, pois de cada vez que sai de lá e vai a conferências para mais uma mostra da sua habitual e afectada pomposidade nós somos bombardeados com as suas palavras sem nos podermos defender.

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