Nada como uma ida ao Ikea para levar com um banho de igualdade. Lá somos todos iguais perante os Kroken (um suporte magnético para facas), os Snar (uns individuais, mas falta a bolinha no “a”) ou uns Ikea Stockholm (umas mantas). Todos fazemos o mesmo percurso, todos nos demoramos a ver as mesmas coisas, todos compramos o mesmo (enfim, quase), todos fazemos uma estimativa de quantos sacos de papel vamos precisar para os pagarmos. Ali não interessa idade, sexo, raça, apelido, o Ikea é de todos e para todos e lá o dinheiro não tem cheiro e é igual e vale o mesmo nas mãos de seja de quem for. O Ikea é talvez um dos locais onde eu me sinto mais igual, e não estou segura de gostar muito dessa sensação. A ironia é que o que as ideologias, os regimes, as utopias, os políticos têm demorado séculos a tentar, sem grande ou mesmo nenhum sucesso, pois tudo a que chegam tem sido à força e não passa de uma vaga aproximação, o consumismo consegue fazer: no Ikea somos todos iguais.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, (...) E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía.
14/08/07
Igualdade
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