19/12/07

Outros Mundos

Enquanto que em muitos países do mundo em que o secularismo está bem radicado e em que há uma clara separação entre o poder (político, judicial e legislativo) e a religião, se insiste em criticar, condenar e por vezes até ridicularizar qualquer acto ou ritual religioso que envolva um mínimo aparato e visibilidade noutros, como o caso do mundo islâmico hoje, vive-se uma festa religiosa importante, Aïd El-Kebir (no Norte de África, sendo também conhecida como Eid ul Adha). Manda a tradição que, em memória do primeiro profeta cuja submissão a Deus o teria levado a sacrificar o seu filho, cada família sacrifique um carneiro (ou outro animal). Cabe ao pai de família, numa mostra de religiosidade e de masculinidade, degolar o carneiro sob o olhar atento dos familiares, nomeadamente dos seus filhos que terão que aprender a um dia a fazê-lo, e de acordo com um determinado ritual. Quem vive em apartamentos ou casas pequenas fá-lo na rua, que se enche de gente, carneiros ainda vivos, outros já degolados e sangue que em abundância escorre por todo o lado. Nesses países poucas vozes criticam os rituais religiosos e poucos defendem o secularismo do Estado. Outros mundos.

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