05/06/11

Ao contrário do que ouvi a alguns comentadores, eu não gostei do discurso de José Sócrates. Foi longo, chato, mas sobretudo demasiado estudado ao ponto de, tal como afinal é hábito nos seus discursos, soar a falso. A ‘dignidade’ de que os ditos comentadores falaram e que elogiaram, não me pareceu nada mais do que uma pose preparada para sair de cabeça tão erguida quanto possível do seu desaire eleitoral. A aparente sinceridade – aquele ‘abrir o coração’ em que ele diz ter-se sentido honrado por servir o país e os portugueses, ou o momento em que agradeceu a todos os seus colaboradores (Teixeira dos Santos, alguém o viu? Sempre pensei que tinha sido um colaborador e uma peça fundamental do seu serviço ao país), ou ainda aquele em que falou do tempo que passará a ter para os filhos – foi uma lamechice de telenovela de segunda, para ver se puxava a lágrima dos portugueses. Mas, como sempre, José Sócrates não vive na realidade, e as lágrimas não se soltaram. Pelo contrário, o país respira de alívio.

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