15/04/13

São Rosas, Senhor 11

Thomas Gainsborough
Georgiana, Duchess of Devonshire
(clicar para ver melhor)


Anda alguma coisa errada ultimamente no reino do PSD. O partido precisa urgentemente de quem perceba de leis para ver se as suas encalham menos nos tribunais portugueses. 

O governo não faz orçamento que não seja chumbado pelo Tribunal Constitucional. Não apresenta candidatos às Câmaras das duas maiores cidades do país que não sejam chumbados por tribunais; depois de Fernando Seara chegou a vez de Luís Filipe Menezes ser ‘chumbado’ por um tribunal.. O partido do ‘jovem’ Passos Coelho e de Relvas, nesta insistência nos dinossauros autárquicos, mostra, também para as eleições autárquicas, a sua total falta de visão e estratégia política. Mas devem ser os portugueses que, sorrindo e encolhendo os ombros a propósito destes desastres autárquicos, estão todos errados, pois não conseguem (e tentam, se tentam) perceber patavina da genialidade de tais decisões.

09/04/13

Amanhecer 39

Hoje cedo deixaram o Tejo três fragatas (bandeira portuguesa) 
e um navio (cuja bandeira não consegui ver).

Margaret Thatcher

Com a morte de Margaret Thatcher é mais um pedaço do século XX que passa à História, ancorando-nos cada vez mais irremediavelmente no século XXI, uma evidência que nem sempre sentimos. Nada de errado nisso, afinal estamos vivos (se eu escrevo e se alguém me ler, é sinal que ainda cá estamos, e que Deus quiser, assim nos preserve muitos e muitos anos), a nossa perspectiva é que teima em ir atrás ao século XX. Às vezes penso que os anos que mais nos moldam e de onde o nosso olhar teima em partir (ou regressar) são os anos em que começamos a pensar que já somos adultos. 

Quando chegou a minha vez, Margaret Thatcher estava lá, e eu também. Não deixou nada nem ninguém indiferente, aliás ela detestava a indiferença, a moleza, a falta de convicções e de acções, nomeadamente em relação aos do seu próprio partido a quem chamava “wets”. Esse exacerbar das dicotomias, sem se preocupar com procurar consensos chocava quer uma mentalidade conservadora e à maneira menos abrupta dos gentlemen elitistas da política (ela era oriunda da pequena burguesia), quer de uma mentalidade intelectual que se pretendia tolerante e aberta ‘à diferença’ e às minorias. A sua visão política contrariava a tendência ‘socialista’ que se vivia então (mesmo nos governos conservadores) nomeadamente em duas vertentes: a que permitiu um crescendo de custos de um estado social cada vez mais pesado, laxista e mais difícil de financiar (a célebre insustentabilidade do estado social); e a que fazia depender a política (e políticos) do partido trabalhista dos sindicatos e das suas associações, de uma forma que hoje é difícil conceber. Combateu com a determinação que todos lhe reconhecem ambas as frentes: reformou o estado privatizando, liberalizando, e iniciou sem piedade uma luta com os sindicatos que venceu, tendo reduzido consideravelmente a influência deles na política futura do Reino Unido, e tendo libertado o Partido Trabalhista do excessivo poder sindical (que o diga Blair). Na frente internacional é sobretudo lembrada por ter sido protagonista do desmoronar do bloco de leste, foi o principal líder ocidental a iniciar e manter um diálogo com a União Soviética e o bloco de leste. Não vacilava, não hesitava. Nunca foi muito popular, mas ganhava eleições. 

Lembro-me bem como era bom discordar de Margaret Thatcher, essa filha de merceeiros que se ‘dava ares’, que ousava decidir e mandar, e que estava claramente (para tantos) above her station. Hoje, e para nosso mal, estamos reduzidos à pobre condição de discordar de políticos como Cameron ou Hollande, já para não falar daqueles que temos por cá. Entre Thatcher e estes últimos não é só um século que os separa, é todo um mundo. Independentemente de ter ou não gostado de todas as suas políticas, decisões e acções, hoje e para nosso conforto, percebemos que conhecemos uma grande estadista.

08/04/13

Em Flor 40



Se há uma expressão, e preocupação, que já se esgotou e que nós agradecíamos fosse doravante usada com parcimónia é a da “imagem externa do país”. Dr. Durão Barroso, preocupe-se com a Comissão Europeia, e se quiser ser mais ambicioso (coisa que lhe assenta bem) preocupe-se também com a UE. Bem precisam, e bem podem cuidar as respectivas ‘imagens externas’ quer da Comissão quer da UE. Nós por cá, em tempos de crescente austeridade e pobreza temos que deixar cair alguns activos: esse da ‘imagem externa’ pode ir. Afinal nunca passou, e não passa, de um equívoco bem cultivado e estimado pelos ‘bons alunos’ Gaspar e Passos Coelho, que até hoje pouco mais ofereceram do que isso mesmo ao país que fica mais pobre, e com acrescidas dificuldades em pagar os seus compromissos, a cada dia que passa, a cada hora; a cada empresa que fecha, a cada pessoa que fica desempregada, a cada compra que se deixa de fazer.

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