Mostrar mensagens com a etiqueta Política Internacional. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Política Internacional. Mostrar todas as mensagens

30/12/13

2013 (I)

Poderia destacar o Papa Francisco como figura do ano, ele que parece ter a comunicação social e as gentes a seus pés, ou destacar o Papa Emérito Bento XVI que os católicos mais cépticos (e conservadores) gostam de lembrar. Ambos foram certamente personalidades marcantes deste ano. Um pela humildade e pelo reconhecimento de que tinha que ceder o lugar, sabendo retirar-se de cena com elegância, um gesto digno dos príncipes, o outro pela simplicidade, alegria e normalidade com que vive o catolicismo. Francisco é um Argentino, vem de uma sociedade diferente da Europeia, e vem de um país onde o catolicismo é a religião dominante. Ora este facto é uma novidade no Vaticano pois há décadas que temos Papas vindos de sociedades onde o Catolicismo ou era minoritário (a Alemanha do Papa Bento XVI), ou era combatido e perseguido (a Polónia da cortina de ferro do Papa João Paulo II). Estas circunstâncias eram terreno propício às reflexões doutrinais e identitárias (de demarcação territorial, quase), uma segunda natureza para os papas anteriores. Francisco não respira desse pathos da minoria ou da perseguição, e vive o seu catolicismo de uma forma mais natural, isto é, integrada na vivência social e como parte identitária da própria sociedade. Parece por isso (e por opção sua, claro) mais desprendido daquilo a que se poderia chamar ‘teias do Vaticano’. Muitos e muitos católicos identificam-se com esse forma de viver o catolicismo que não passa prioritariamente por proclamações doutrinais, ou reflexões teológicas. Da mesma forma com que muitos e muitos católicos se identificavam e liam com atenção cada discurso de Bento XVI, ou seguiam cada viagem e exortação espiritual de João Paulo II com devoção. A Igreja é feita por muitos e todos diferentes. Há lugar e tempo para todos. Ámen! 

Poderia destacar o novo Czar da Rússia, como figura internacional do ano, cada vez mais liso e insuflado de tanto botox, mas cada vez mais influente e poderoso, e com uma visibilidade no xadrez da política internacional capaz de empalidecer o 'cool' Obama e outros líderes mundiais. 

Ou poderia, finalmente e numa nota negativa, destacar Paulo Portas como a figura nacional do ano. Pensando que o mundo começa e acaba nele, disse, desdisse, deu a palavra e retirou-a, fez e desfez, tudo de forma irrevogável, e com a retórica moralista (de feira) a que nos tem habituado. Custou ao país uma fortuna que um dia será contabilizada. 

Poderia, mas no entanto, nenhum deles será a minha figura do ano. (continua... )

09/04/13

Margaret Thatcher

Com a morte de Margaret Thatcher é mais um pedaço do século XX que passa à História, ancorando-nos cada vez mais irremediavelmente no século XXI, uma evidência que nem sempre sentimos. Nada de errado nisso, afinal estamos vivos (se eu escrevo e se alguém me ler, é sinal que ainda cá estamos, e que Deus quiser, assim nos preserve muitos e muitos anos), a nossa perspectiva é que teima em ir atrás ao século XX. Às vezes penso que os anos que mais nos moldam e de onde o nosso olhar teima em partir (ou regressar) são os anos em que começamos a pensar que já somos adultos. 

Quando chegou a minha vez, Margaret Thatcher estava lá, e eu também. Não deixou nada nem ninguém indiferente, aliás ela detestava a indiferença, a moleza, a falta de convicções e de acções, nomeadamente em relação aos do seu próprio partido a quem chamava “wets”. Esse exacerbar das dicotomias, sem se preocupar com procurar consensos chocava quer uma mentalidade conservadora e à maneira menos abrupta dos gentlemen elitistas da política (ela era oriunda da pequena burguesia), quer de uma mentalidade intelectual que se pretendia tolerante e aberta ‘à diferença’ e às minorias. A sua visão política contrariava a tendência ‘socialista’ que se vivia então (mesmo nos governos conservadores) nomeadamente em duas vertentes: a que permitiu um crescendo de custos de um estado social cada vez mais pesado, laxista e mais difícil de financiar (a célebre insustentabilidade do estado social); e a que fazia depender a política (e políticos) do partido trabalhista dos sindicatos e das suas associações, de uma forma que hoje é difícil conceber. Combateu com a determinação que todos lhe reconhecem ambas as frentes: reformou o estado privatizando, liberalizando, e iniciou sem piedade uma luta com os sindicatos que venceu, tendo reduzido consideravelmente a influência deles na política futura do Reino Unido, e tendo libertado o Partido Trabalhista do excessivo poder sindical (que o diga Blair). Na frente internacional é sobretudo lembrada por ter sido protagonista do desmoronar do bloco de leste, foi o principal líder ocidental a iniciar e manter um diálogo com a União Soviética e o bloco de leste. Não vacilava, não hesitava. Nunca foi muito popular, mas ganhava eleições. 

Lembro-me bem como era bom discordar de Margaret Thatcher, essa filha de merceeiros que se ‘dava ares’, que ousava decidir e mandar, e que estava claramente (para tantos) above her station. Hoje, e para nosso mal, estamos reduzidos à pobre condição de discordar de políticos como Cameron ou Hollande, já para não falar daqueles que temos por cá. Entre Thatcher e estes últimos não é só um século que os separa, é todo um mundo. Independentemente de ter ou não gostado de todas as suas políticas, decisões e acções, hoje e para nosso conforto, percebemos que conhecemos uma grande estadista.

10/03/13

Assim se Passou uma Semana

Esta semana já não se podia olhar para a televisão, ou seguir de perto outros meios de comunicação. A morte de Hugo Chavez – prontamente canonizado nesses já habituais processos populares e mediáticos de canonizações laicas – dominou o espaço comunicacional ao exagero. Seguiram-se os fait-divers do Vaticano e por extensão os da Igreja Católica: os sapatos papais, as chaminés na Capela Sistina, os cardeais “papáveis”, o Vatileaks, as especulações sobre o dossier secreto pedido por Bento XVI a três Cardeais sobre a Curia, os Cardeais com acção duvidosa (encobrimento) em casos de pedofilia, e, imagine-se, até vejo noticiado aqui esse facto de indiscutível pertinência que é a posição da Igreja católica Croata sobre a educação sexual nas escolas croatas. Como se estas lavagens cerebrais não bastassem, cá dentro (em Portugal) discutia-se o salário mínimo – um pindérico ersatz do debate que o governo (e oposição, e sociedade civil...) não sabe nem quer fazer sobre as opções políticas para uma reforma do estado – e não faltou sequer o Dr. António Borges a dar o seu parecer com aquele sentido de oportunidade a que já nos habitou. 

Sobrou o Dia Internacional da Mulher, um dia muito celebrado nos países muçulmanos e nos países de leste da ex-esfera da ex-União Soviética. Por algum motivo que ainda não percebi, este ano o folclore e os clichés lamechas mantiveram-se distantes de mim, tendo sido a minha atenção canalizada para as inúmeras estatísticas sobre a condição/situação da mulher em diferentes partes do mundo que, a pretexto do Dia da Mulher, foram publicadas em diferentes meios de comunicação. Não fui confrontada com nada que não se soubesse ou adivinhasse, mas o impacto de ler tantas estatísticas em tão pouco tempo deu – de repente uma outra dimensão e significado a um “Dia de” que preferia não existisse. Há muito a fazer para garantir a segurança das mulheres e seus filhos, e garantir a igualdade de tratamento e de oportunidade para as mulheres do mundo todo. Maria João Marques lembra algumas das mais importantes questões neste post ‘levezinho’.

19/06/12

Parole, Parole, Parole...

Admiro a coragem do Mr. Barroso (‘europeês’ para Durão Barroso), ao falar da forma frontal e assertiva com que falou em nome da União Europeia na Cimeira G20. Não por ter sido frontal e assertivo note-se, mas por, numa altura em que sentimos o ranger das fracturas que atravessam a UE, ousar um discurso a uma só voz (a da UE/Eurozona): um atrevimento. Sabe bem por uns minutos pensar que a União Europeia, e sobretudo a Eurozona, consegue ser hoje algo mais do que uma abstracção na cabeça dos seus líderes políticos e cidadãos. Mr Barroso, perante um ‘inimigo comum’ (os restantes G20s) que isolou bem, e a quem desferiu algumas farpas, saiu em defesa das democracias, das estratégias e dos timings europeus, aproveitando o que resta desse sentimento ‘europeísta’ ainda partilhado por muitos. Como ele bem sabe, foi bom enquanto durou; no entanto no fim do dia, ou da cimeira, pouco sobrará desse discurso.

22/03/12

Não posso ter simpatia pelo que José Medeiros Ferreira diz hoje neste seu post. É verdade que o debate fica mais pobre. É lamentável que a sociedade perca alguém que “que tem ideias próprias, e positivas”. Mas o problema está no vocábulo ‘predador’ retetido vezes sem conta e que tem definido Strauss-Kahn, sem que seja desmentido de forma categórica, nem processados os que o fazem. O seu silêncio fala e parece que não há como desmentir. Aliás procurando bem pululam, e não só pela Europa, histórias (até acredito que algumas nem sejam verdadeiras) que confirmam essa condição predatória. Não estamos a falar de promiscuidade, de sedução ou de circunstâncias de igualdade; um cenário predatório é um cenário de desigualdade e pressupõe sempre uma presa. Neste cenário que, repito, não foi até hoje categoricamente desmentido, quer a igualdade quer o consentimento da outra parte é desvalorizado/ignorado. Enquanto mulher digo que não há inteligência nem debate que valha ou compense a falta de consentimento de uma só mulher. É simplesmente uma questão de princípio.

02/01/12


Quando vejo imagens deste homem sinto logo o impulso de consultar uma enciclopédia de criminologia para tentar perceber o seu tipo psico-criminológico e esclarecer dúvidas. Será de facto um serial killer, ou um pedófilo? Um associal e marginal desprovido de qualquer tipo de skills comunicacionais? Ou será um impotente, que colecciona memorabilia da juventude de velhinhas indefesas, na solidão do seu quartinho enquanto fantasia com os crimes que ainda não cometeu. Impossível evitar pensar o pior. Para ‘Querido Líder’ (mesmo se fosse só ‘querido’ ou só ‘líder’) a sua figura é assaz sinistra e mais sinistra ainda a sua mensagem em que não pede menos do que o "defendam até à morte" e a serem “escudos humanos”. Bhrrhrrh.

11/12/11

A Europa (e Vasco Pulido Valente)

Acho que nunca citei com muita frequência Vasco Pulido Valente. Há algo no seu cepticismo sistémico e nada metódico e na sua constante falta de entusiasmo (alguém se lembra de ele algum dia ter louvado algo, ou alguém?) que por vezes me cansa o que me afasta um pouco do seu ‘pathos’. No entanto ele conhece a nossa história recente, escreve muito bem e é dono de um sentido de humor que aprecio o que me obriga a olhar para as suas crónicas, e ao fim da segunda linha já sei se a leio até ao fim ou não. Ontem e hoje não só as li como concordei com o que ele diz, e reproduzo aqui dois excertos: 

VPV Público de ontem. 

VPV Público de hoje. 

Hoje olho para a Europa política e mal reconheço. Em tempos de dúvida, incertezas, ou de guerra (com outras armas que não as bélicas), como há já quem o afirme, eu também sei de que lado estou e é do mesmo lado que VPV. Merkel e Sarkozy não me convencem com o proposta de tratado intergovernamental escrito nos escritórios de Bruxelas (ou Berlim?). A pouco e pouco, e de preferência sem notarmos (nós os europeus não alemães) nem protestarmos, a Alemanha afirma-se como ‘a’ potência europeia, impõe a sua vontade, ganha tempo e engana-se a si e aos parceiros europeus com medidas que são pouco mais do que cosméticas e de efeito a curto prazo, notando-se a total ausência (recusa) de visão sobre os problemas de fundo que a Europa enfrenta, (perda de competitividade, envelhecimento da população, insustentabilidade do estado social...) e que começam já a assombrar-nos, Alemanha incluida.

03/11/11


Como não sou (ainda) bruxa, não previ este novo acto do drama grego de ‘sim referendo’, ‘não referendo’, em que o protagonista – de tanta volta e contravolta que tem dado e de tanto psicodrama encenado - provavelmente já não sabe quem é (se é que alguma vez o soube). Até eu estou tonta e perdida, e não sou grega. Uma coisa é certa: não gosto da atmosfera que antecede a tempestade: o ar é pesado, o ambiente abafado, os pés que se arrastam, a pressão que aumenta (atmosfericamente falando ela baixa, claro) e já só queremos uma boa chuvada, ventos e trovoadas. Em relação à UE sinto isso mesmo: acabe-se o medo, os paninhos quentes, as palmadinhas nas costas, as conversas de pé de orelha Merkel/Sarkozy, os juízos, as ameaças, as lições de moral; venham as crises e as dissidências depressa, zanguem-se as comadres, deixem o euro desvalorizar. Veremos se o ar não fica mais leve e se não podemos finalmente começar o trabalho de reconstrução.

01/11/11


Vale o que vale, mas esta divisão de campos na hora de votar a adesão da Palestina à UNESCO, mostra como a União Europeia é mais uma (des)União que fala a múltiplas vozes defendendo múltiplos, e por vezes contraditórios interesses, e mostra como uma ‘união’ é algo do domínio da utopia e dos discursos inflamados. Se hoje os problemas financeiros e económicos surgem como o pomo de discórdia entre os 27/17, esta notícia mostra a amplitude da dissonância. Não fiquei surpreendida; fiquei-o só porque já nenhum estado nem ninguém a tenta disfarçar. A união pode fazer a força, mas não se faz à força (de tratados “porreiro, pá!”, por exemplo).

18/10/11

As coisas que vamos aprendendo: aparentemente o preço de um sargento israelita é o de 1000 homens e 27 mulheres palestinianos prisioneiros em Israel.

Mas como em tudo no mundo, sobretudo no mundo da política, interesses e diplomacia, nada é assim tão simples ou ingénuo quanto parece (ver aqui, por exemplo). No entanto por muito que se analise, perceba e desvende, a ‘headline’ mantém-se e é extraordinária.

05/08/11

Os Mercados, as Bruxas de Hoje

Parece que começou uma ‘caça às bruxas’ que são hoje as agências de rating. Agora é a vez da Itália. Há algo de simbólico nesta perseguição às agencias de rating; a habitual negação de uma (quase) evidência contrária ao optimismo de fachada e pensamento positivo que dominam a análise e a forma com que teimosamente se persiste em olhar o nosso mundo (o Europeu sobretudo). Eu sei que se enxotam os abutres quando eles começam a aproximar-se, mas o cheiro a cadáver está lá. Também há a história dos mensageiros que eram mortos quando traziam más notícias. Ou dos livros que se queimavam, e das pessoas que se calavam matando-as ou levando-as para a prisão. Tudo em vão, como a história nos demonstra. A longo prazo, nunca é eficaz: a verdade vence sempre. E a verdade sobre a situação económica e financeira de uma Europa desgastada, gastadora e sem soluções à vista e, apesar dos casos serem bem diferentes, de uma América sobreendividada, irá impor-se.

O facto é que o mercado, essa entidade abstracta e sem alma (que, ao contrário dos agentes, esses sim com alma e intenção), não mente, e a forma como digere a sua informação é absolutamente desprovida de ‘wishuful thinking’, ou de processos intencionais ideológicos ou políticos. Quando há mais quem queira comprar reage duma forma, quando há mais quem queira vender, reage doutra forma. Esta lógica implacável – e tão simples e transparente – sempre intrigou e sempre incomodou, sobretudo os agentes económicos e políticos que, ciclicamente, culpam o mercado pelas más decisões que eles próprios vêm tomando ao longo de décadas. Investiguem, processem, punam, acabem com a Moody’s, a Finch ou a S&P; nada disso alterará o que é e o que vem aí.

Adenda: Às 08:25, minutos depois de publicar este post, já se sabe como abriu o nosso mercado. O melhor mesmo é ir para a praia; o pior é o vento...

06/06/11

Dos Pepinos


Considero inaceitável a forma com que a Alemanha lidou com a crise E. Coli. Sem exames científicos que o comprovassem apontaram o dedo aos pepinos espanhóis tendo criado um movimento de rejeição aos legumes frescos espanhóis – ao qual Portugal não escapou – nomeadamente pepinos e tomates que terá custos elevadíssimos. Quer a Espanha quer Portugal têm já problemas que cheguem, e o que menos precisavam era que a Alemanha, levianamente, (ou haverá uma ‘agenda oculta’?) tivesse apontado o dedo aos produtos espanhóis criando uma onda de pânico que afastou os consumidores desses produtos. Confesso que nunca percebi o porquê de, estando a epidemia (e infelizmente mortes) localizada no norte da Alemanha, ou em pessoas que lá tenham estado, se culparem tão prontamente os pepinos espanhóis. Presumo que os ditos pepinos sejam consumidos noutros locais e noutros países que não o norte da Alemanha. Com que autoridade e como é que se faz uma acusação destas? Ninguém levanta esta questão? Hoje já se dizia, para depois desdizer que eram rebentos de soja de uma quinta perto de Hamburgo. Não era melhor calarem-se, antes de ter certezas?

A origem da epidemia não está ainda determinada, mas a UE já diz que proporá compensações financeiras para os produtores afectados pela crise de confiança dos consumidores. Apetece perguntar: não deveria ser a Alemanha a pagar?

26/05/11

Ontem li esta notícia e ouvi-a ao fim do dia nas televisões. Pensei em Portugal, e a notícia pareceu-me profética. Comecei a ver o ‘filme’ que passará nos noticiários daqui a um ano, se o PSD ganhar as próximas eleições e governar coligado com o CDS tentando a custo cumprir os objectivos do acordo que salvou o país da bancarrota, uma criação do PS. O filme era claro e nítido: o PS português, agora na oposição, com ou sem Sócrates (a diferença estará sobretudo no tom), alheio ao acordo e compromisso que assinou com os nossos credores (FMI, CE, e BCE), e à necessidade de unidade no esforço para superar a crise, sentir-se-á livre para, com aquela força e fervor únicos – folclore esquerdista - e até nunca vistos nos últimos 6 anos de governação, abraçar o ‘estado social’, defendendo-o de uma direita apostada em destrui-lo (ou não fosse ‘direita’). Irá solidarizar-se com o primeiro ‘geração à rasca’ que acampar no Rossio. Apoiará os sindicatos que declararem greve. Juntar-se-á às manifestações de protesto nas avenidas da Liberdade ou Aliados. Dará voz às reivindicações da primeira comissão de trabalhadores que aparecer. Indignar-se-á contra as medidas do futuro governo e estará, como nunca, ao lado dos médicos, dos professores, dos estudantes, dos magistrados, dos trabalhadores da função pública, dos maquinistas dos comboios e até dos militares.

Gostava que alguém me dissesse que este filme que vi, é apenas fruto de uma imaginação febril, e que o que se passa hoje na Grécia (apesar do mapa político distinto) não se passará em Portugal.

08/02/11

As novas formas de luta política na Europa, neste caso na Bélgica e explicadas aqui, incluem, a abstinência sexual imposta pelas “esposas” dos políticos enquanto estes não chegarem a um entendimento que permita a constituição de um governo, e a proposta de um actor que apela a que os homens não façam a barba. Noutros locais do mundo as pessoas usam formas de luta política mais convencional como sair à rua e parar os países ou fazer greve.

31/01/11

Ventos Islâmicos

Muitos a saudar o regresso de Rachid Ghannouchi, de acordo com esta notícia,


No entanto, alguns menos felizes, mas em número menor, saíram também à rua,

Duas notas: todos querem “Liberdade!” os que saudam o regresso do exilado e os que não querem mais estupidez. "Liberdade!" tornou-se num chavão que serve vários senhores, várias causas incluindo as que pouco servem a liberdade tal como a conhecemos. A confusão é grande: ser opositor a um regime torna-se assim e de forma automática adepto da dita "Liberdade!" Parece que ultimamente a "Liberdade!" virou as costas a Ben Ali e a Mubarak. Nunca tive simpatia por ditadores, mas desconfio das massas e dos seus chavões, temo sempre a estupidez, e pior que tudo, desprezo os radicalismos, muito particularmente os islâmicos, ou não fosse eu mulher. A segunda nota e suprema (mas não surpreendente) ironia é o facto de – e de acordo com informações daqui – o senhor Ghannouchi, apesar de banido de vários países, ter conseguido o estatuto de refugiado político e ter vivido em Londres. Dá que pensar…

15/12/10

O que Sempre Sobra

Confesso-me num período de pouco interesse, bem como poucas tentativas de me manter informada, na actualidade portuguesa ou não, tão má ela é. Fica no entanto alguma espuma sobre o mundo que, tal como o conhecíamos, caminha para um local estranho que não se sabe bem se é um abismo. Nota-se um impasse generalizado cá e lá e nada de bom parece se avizinhar, não há messias à vista nem políticos (e gentes) em quem consigamos confiar. As expectativas são baixas e o optimismo para 2011 é um exclusivo de José Sócrates e de outros líderes feitos do mesmo barro.

Sobra, o que sempre vai sobrando, e a que alguém chamava há muitos anos justificando os muitos filhos que tinha: “o teatrinho dos pobres”. Neste caso serão mais pobres de espírito, mas correndo o sério risco de pobreza tout court. Como ia dizendo, sobra algum sexo que anda a entreter os jornais (e as gentes) pelo mundo fora. Desta vez não é um presidente americano, ou candidato a; desta vez não é na Casa Branca, é um Australiano na Suécia com duas mulheres suecas. Não se discute se há ou não uma relação sexual, discute-se o ser “sexo de surpresa” ou não. E há quem leve isto a sério, e prenda ou liberte alguém com base na discussão deste conceito (juntamente, ao que parece, com o uso ou não de preservativos), sem que ninguém tenha coragem de dizer ”ao que vem” e que acusação quer fazer. Demasiada metafísica para mim.

25/02/10


Depois de ouvir o que Henrique Monteiro disse ontem na dita Comissão de Ética, confirmo, para meu grande constrangimento, que:

Eles não têm vergonha (entre as outras muitas coisas que não têm, por exemplo, sentido de Estado).

O pais merece-os. O que seria notícia de primeira página nos jornais de hoje em qualquer país civilizado e que preze a democracia, a liberdade e a independência entre instituições e poderes, é relegado para segundo plano e o país ouve tais declarações com a tranquilidade (às vezes parece mais estupor do que tranquilidade) de quem come castanhas. Estranho país, estranha gente.

12/01/10


Já está. Apesar da associação ser óbvia, não foi à primeira que consegui compor o título: “O Primeiro-ministro, a Mulher, o Talhante e o Filho Deste”. Impossível não fazer este paralelo e, de repente, perceber que foi nos anos 80 que vi (e me diverti) com filmes como The Draughtsman’s Contract, Drowning by Numbers e, como é óbvio, o The Cook, the Thief, His Wife ans her Lover, e que nunca mais vi nada de Peter Greenaway. Um estilo muito peculiar e a vontade de rever alguns dos filmes.
.

09/10/09

Arquivo do blogue

Acerca de mim

temposevontades(at)gmail.com