Diz António Barreto que “O Magistrado Lopes da Mota não deve sair do EUROJUST. Não deve suspender o seu cargo. Nem pedir a demissão. Nem ser demitido. Se a representação de um Estado deve traduzir a verdade, ele é o homem certo no lugar certo (...)Ele é o genuíno e fiel símbolo da justiça portuguesa”. Tem toda a razão, mas eu tenho vergonha que assim seja. Problema meu, eu sei, mas tenho vergonha – já nem falo de ética, de moral, só de vergonha - de Lopes da Mota, de Cândida de Almeida que não sabe estar calada, do “primo do Kung-Fu”, do primo do primo, enfim... calarei a minha lenga-lenga de satélites que gravitam à volta do poder e com “respeitinho” para com o poder, para não maçar ninguém. Eles não têm vergonha mas eu tenho por eles e tenho mais por eles não a terem do que por fazerem o que fazem. A vergonha genuina aparece pouco. Muitas vezes esconde-se a vergonha com humor desprendido, com inteligentes análises, com críticas acutilantes, com inflamada indignação, com protesto, mas no fim do dia fica o embaraço e a vergonha de sermos o que somos: um país pobre, sobretudo de espírito, um povo de brandos costumes que se acomoda à mediocridade que lhe permite ir ao café dizer mal de tudo e de todos. Brandos costumes da treta que imobilizam o cérebro e o corpo, que impedem um rasgo de genuína revolta e vergonha. Enchem-se as praias ou os shoppings, abstemo-nos nas eleições porque “não vale a pena” - dito com um suspiro de quem se habitua a um fado que não merece mas suporta com estoicismo. Ah, merecemos sim; merecemos cada um dos políticos que temos, cada uma das “elites” administrativas, financeiras, judiciárias e mediáticas que temos. Que importa Lopes da Mota, Pinho, o primo do Kung-Fu, o primo do primo, a mãe do primo do primo, o tio do primo do primo, o Freeport, as “alegadas” pressões. Tudo bem, tudo normal, ninguém se demite. Outros fizeram-no por muito menos cá em Portugal e no estrangeiro, mas nestes casos deste consulado Socrático essa questão nunca se coloca. Ninguém tem vergonha na cara.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, (...) E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía.
17/05/09
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