Ontem vi parte do novo programa da SICN Contra Corrente. Gostei do formato do programa, e dos convidados: todos com maturidade, (já tenho pouco paciência para opiniões inconsequentes) e pouco dados à 'histeria'; resta saber quanto tempo o formato sobreviverá e quanto tempo conseguirá (man)ter audiências. Destaco do que ouvi as reflexões sobre a política portuguesa – agora nas mãos deste governo sobretudo nas pessoas de Passos Coelho, Paulo Portas e Victor Gaspar – face à Europa e aos desafios que a Europa enfrenta.
Mais uma vez concluo que em Portugal hoje, como ontem, não há visão, não há debate, não há reflexão, não há estratégia, não há negociação. Estamos sendo empurrados, mais uma vez para factos consumados, longe do escrutínio dos portugueses.
Esta falta de posicionamento claro do pais no quadro da UE é uma das mais evidentes provas (há mais) da falta de maturidade política dos nossos governos, nomeadamente do actual, e dos nossos governantes. É prova da impreparação e falta de vontade política para enfrentar e abordar matérias complexas e que não mexam de forma mais ou menos directa determinados grupos de interesses económicos, políticos ou simplesmente partidários. É a prova da ligeireza que se escuda na subserviência e que nenhuma eficácia fiscal, que nenhum corte nas despesas A ou B, ou que empenho (que claramente aplaudo) em cumprir o acordo da Troika consegue esconder. A crise não pede só cortes nos custos e aumentos das receitas sacrificando os contribuintes, há toda uma reflexão sobre o país e, neste caso, sobre a Europa que não está a ser feita, nem por nós nem pelos nossos parceiros europeus nomeadamente a dupla Mercozy que ficará para a história como a caricatura da cegueira europeia. A falta de uma estratégia de política europeia em Portugal é gritante, mas ninguém no governo a parece ouvir.