24/10/11

Indignation

Gosto de Philip Roth sobretudo nos romances pequenos (novelas): Dying Animal, Everyman (um favorito) por exemplo, e agora Indignation lido há pouco. Gozei cada linha e foi um prazer voltar a ler Roth. A força da sua escrita é extraordinária sempre, mas nestas obras mais pequenas parece ganhar em sensibilidade, e até em subtileza, mesmo quando nada mais na narrativa é subtil. A história é a da pujança da juventude, dessa força em bruto em toda a sua beleza e simplicidade, sem nuances deslocadas ou forçadas. A narrativa começa de forma simples e vai ganhando corpo. O jovem Marcus (um judeu filho de um dono de talho kosher) dá os primeiros passos na sua afirmação como indivíduo adulto longe dum pai que adora,

What I learned from my father and what I loved learning from him: that you do what you have to do.

mas que o sufoca de amor e preocupação, uma preocupação que imediatamente se sente como premonitória. Ao sair de casa para uma universidade suficientemente longe para permitir o seu afastamento da família, Marcus depara-se com um mundo novo longe do talho e do bairro judeu, onde tenta encontrar o seu lugar entre pares e academicamente. A narrativa funciona em crescendo, assim como a vida com a sua complexidade a desabar sobre o jovem Marcus: primeiro o pai, depois os colegas de quarto, a universidade, a discriminação étnica (um dado adquirido), o sexo, as emoções amorosas, a namorada, a mãe,

“A girl so wounded as to do such a thing is not for you (...) She is a beautiful young woman, (...) she is well brought up. Thought maybe there is more to her upbringing than meets the eye. (...) You never know the truth of what goês on in people’s houses. I have nothing against her. I wish the girl luck. (...) But yoy are my only son and my only child, and my responsability is not to her but to you. You must Sever the connection completely. You must look elsewhere for a girlfriend.”
“I understand”, I said.
“Do you? Or are you saying so to avoid a fight?” (...) This girl is full of tears. You see that the moment you look at her. Inside she is full of tears. (...) Because other people’s weakness can destroy you as much as their strengh can. Week peolple are not harmless. Their weakness can be their strengh."

Este é um dos vários diálogos e momentos de marcada intensidade dramática que lemos no romance. Falta uma peça chave de Indignation: a morte, que surge inusitadamente e permanece de forma curiosa.
(Continua)

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