No fim de semana foi a fotografia de Duarte Lima que ocupou as páginas mediáticas, hoje é a fotografia da americana (e sempre angelical) Amanda Knox a ter destaque mediático por causa do mediatizado crime de que foi acusada. Confesso quer uma quer a outra notícia me deixam um pouco desnorteada. Nós vamos arrumando o nosso mundo conforme podemos, por uma questão de equilíbrio e de sobrevivência. Catalogamos, arquivamos, analisamos, ajuizamos, adaptamo-nos. Vamos (digo eu, e pressuponho eu) aprendendo a custo e estabelecendo, num processo que dura o tempo da nossa vida e que se mede em alegrias e sofrimentos, os nossos valores, a nossa noção de bem e de mal e aquilo que mais ou menos toscamente chamamos justiça. Melhor ou pior tentamos perceber, mas de repente, umas notícias de assassinatos levam todo este labor à estaca zero e recomeçamos de novo. É esta a história da vida, Sísifo sabe.
E começam as perguntas: uma menina com cara de anjo e bonitinha como as meninas ajuizadas americanas tentam ser, juntamente com um traficante de droga e o namorado da amiga, degola a amiga inglesa e companheira de quarto enquanto se encontram a estudar em Peruggia? Degola, repito. Não é dar um tiro, é degolar mesmo. Um conhecido advogado português de vida recheada de conhecimentos, favores, alguns até questionáveis como convém às vidas portuguesas recheadas, amigos, e também algumas vicissitudes, vai ao Brasil matar numa estrada no meio do nada, uma ‘velhota’ que já lhe teria transferido muito dinheiro por mais dinheiro ainda? As perguntas não são nem jurídicas, nem tão pouco irradiam alguma curiosidade quanto ao desfecho jurídico destes casos: os desfechos jurídicos nem sempre satisfazem: a dúvida, sempre ela, pairará seja ele qual for. As minhas perguntas têm a ver comigo e com esse labor de entender o mundo, de entender os seres humanos que o habitam, de me entender. Hoje recomeço, outra vez.