Só ontem vi e ouvi na televisão as declarações do deputado e vice-presidente da bancada parlamentar do PS, Pedro Nuno Santos. Fiquei siderada. Não me restam dúvidas de que estamos a ser
invadidos pelos bárbaros, (agora eles não vêm necessariamente do norte) e de
que a decadência da nossa civilização é um dado adquirido. O tipo de linguagem
e de imagens usadas pelo deputado está abaixo do nível da conversa de portaria
e roça a grunhisse de quem apenas conhece três mil palavras e só usa mil, mas o
que se sugere é a mais viva imagem da decadência civilizacional pois já nem é
meramente uma questão política, é sobretudo uma questão de educação e de
valores. Lamento que na devida altura (bem cedo na infância) ninguém tenha
ensinado ao deputado que as dívidas são para ser pagas. Ponto. Que tudo se deve
fazer, sem descanso, para as pagar. Ponto. Mas pelos vistos agora, como dizia
há umas semanas o seu mentor José Sócrates, quando se estuda economia (na
universidade? em qual?) estuda-se que as dívidas dos estados nunca se pagam...
Eu não tenho dúvidas: prefiro o que me ensinaram na infância.
Pedro Nuno Santos ameaça os ‘banqueiros
alemães’, mas engana-se no alvo. Deveria ameaçar quem, em nosso nome
e em meu nome, recusando encarar a realidade e refugiando-se na pura demagogia
populista, se endividou indevidamente (perdoe-se aliteração). Ou, ao limite,
aqueles que permitiram que em nome de Portugal o então governo contraísse as
dívidas que hoje temos. Os eleitores de então (2009) preferiram a conversa oca,
demagógica e irrealista bem como o marketing político e comunicacional de um
incompetente (e estou a ser contida nos adjectivos), à linguagem realista e
dura de uma ‘velha’ (que me perdoe a Dr. Manuela Ferreira Leite) que não
acredita nem contrata agências de marketing político ou comunicacional.
O deputado Pedro Nuno Santos é a imagem de
tudo o que me causa desprezo: irresponsabilidade, leviandade, a falta de
educação, a linguagem rasca, o desconhecimento de valores como a honra, o peso
da palavra dada, a dignidade, a educação. A bancada do PS em vez de minimizar e
desculpar as declarações deste deputado, deveria, por uma questão de higiene,
demarcar-se frontalmente e fazê-lo desaparecer. Seria desejável enterrar de vez
a ‘era Sócrates’.