29/11/06

Conhecimento, respeito e minorias

Tento seguir com alguma atenção a viagem do Papa à Turquia, e do dia de ontem retive do breve discurso (ouvido na íntegra na Sky news) que fez no seu encontro com o director dos assuntos religiosos, Ali Bardakoglu dois tópicos. Falou da necessidade do conhecimento para se dialogar e da necessidade de respeito para se construir a paz. Num país que Bento XVI considera como ponte de culturas e local de diálogo, a tónica que ele dá ao conhecimento é, no mínimo interessante. Para se dialogar, para se debater há que investir um mínimo no conhecimento daquilo que são as nossas posições, a tradição e história e naquilo que são as posições, tradição e história do lado oposto ao nosso. Só com conhecimento se consegue uma abertura de espírito que obriga a sair do preconceito útil e dos chavões fáceis para consumo da rua. Bento XVI o intelectual e académico realça e dá prioridade ao conhecimento como força de sedimentação de um diálogo profícuo em terras de pontes culturais e civilizacionais.

Com conhecimento torna-se mais facil aprender a respeitar o outro e coexistir num ambiente multicultural de forma pacífica. Mas eu também creio que um estado laico, cuja constituição respeite em absoluto as opções religiosas dos indivíduos, muito contribui para um ambiente pacífico entre diferentes religiões. Tal vivência é difícil, ou mesmo impossível em estados teocráticos em que a liberdade religiosa não existe, pois só a liberdade de professar a religião do estado é considerada e permitida. A Turquia é um estado laico no sentido europeu da palavra, e essa dimensão de laicidade é algo que a aproxima sem sombra de dúvida da Europa (e da Comunidade Europeia).

No dia de hoje o Papa transmitiu toda a sua solidariedade para com as minorias católicas do mundo, simbolizadas pela minoria turca ali presente, que tantas vezes se encontram em situações adversas e perigosas. Eu lembraria a minoria católica no Paquistão, cada vez mais pressionada e também na China, só dois exemplos para não me alongar muito. Creio que também é um exercício interessante comparar como vivem as minorias muçulmanas nos países maioritariamente cristãos com a forma como vivem as minorias cristãs nos países maioritariamente muçulmanos.

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