28/07/10

Infelizmente, e como a história recente de inquéritos e de investigações nos mostra, a Verdade raramente “acaba por vir ao de cima”. Encontram-se uns “elos mais fracos” que servirão de bodes expiatórios nos casos em que há necessidade de proclamar sucesso judicial ou outro. Nenhum português íntegro acredita que a verdade do caso Freeport veio ao de cima, e estranho a preocupação, por uma vez, de José Sócrates com a verdade. Ficam demasiadas questões por resolver e esclarecer, nomeadamente relacionadas com os familiares do Primeiro-ministro. Já que o Primeiro-ministro está com vontade de usar provérbios eu sugerir-lhe-ia um outro: Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo. Mesmo que a verdade não acabe sempre por vi ao de cima.

25/07/10

Entardecer 16

Hoje
Esta notícia assim escrita, porque assim decidida desta forma tão radical, até faz doer o coração. 701 escolas que fecham, 10 mil alunos que são transferidos: impossível não ficar chocado com estes números. Para além da inquestionável bondade da decisão de fechar escolas pequenas e sem condições, há um universo de questões que ficam sem resposta ao ler a notícia sobre esta decisão com o rosto da Ministra Isabel Alçada, que nunca consigo desligar da imagem “simpática Ministra e Senhora Aventuras” (como detesto literatura infantil...) e que é posta em prática no próximo ano lectivo e, segundo o texto da notícia, depois de chegar a acordo com as autarquias. É impossível não nos questionarmos perante a urgência e radicalidade desta medida a executar de uma vez só, sobre os seus efeitos a curto e a longo prazo. Ela gerará profundas alterações na vida das pessoas e das localidades, já para não falar da vida quotidiana e da aprendizagem dos alunos, e temos a sensação de que toda esta mudança foi planeada de forma totalmente arbitrária, cega, precipitada e abstracto-burocrática: régua e esquadro numa mão e máquina calculadora na outra. Menos de vinte alunos, fecha; mais de vinte continua. Porque é que as autarquias estão tão interessadas nesta mudança? E as pequenas freguesias também estarão? Alguém do Ministério foi “lá” ver as escolas uma a uma, e avaliar cada caso? Alguém procurou saber a taxa de sucesso ou não de cada escola, independentemente de terem 18 ou 25 alunos? Alguém, dos decisores, conhece as dificuldades e sucessos de cada escola? Alguém mediu em tempo real (más estradas, trânsito, etc) e inconveniência a deslocalização das crianças pequenas – não falamos nem de adolescentes, nem de jovens - das escolas que frequentavam e dos seus familiares que lá terão de ir para reuniões ou numa emergência? Alguém pode prever os efeitos desta deslocação de escolas, de professores e de colegas, de ambiente e de local, para centros escolares que poderão não ser os definitivos, (coisa que não se percebe) implicando uma nova mudança com todos os inconvenientes e desestabilização que cada mudança acarreta, mesmo em idade tão jovem? Alguém pode prever o impacto do fecho das escolas na vida das populações? A notícia é o espelho da leviandade na política portuguesa actual em geral, e da política educativa em particular.

Amanhecer 25

Hoje

24/07/10

Middlemarch

Há umas semanas (meses?) comprei, num desses impulsos que os técnicos de marketing tão bem conhecem e exploram através da visibilidade que dão ao seu produto, “A Viúva Grávida” de Martin Amis, edição da Quetzal. Nunca tinha lido nada de Amis e há algum tempo que tinha curiosidade e vontade de ler um dos seus romances. Esta pareceu-me uma oportunidade tão boa como qualquer outra. Em casa, ao ver o livro perguntei-me porque é que o tinha comprado (nessa dúvida pós-compra, que apesar dos psicólogos do marketing também conhecerem bem, raramente me aflige, sobretudo com livros), uma vez que poderia tê-lo encomendado pela Amazon e assim lia a versão original como sempre gosto de fazer quando domino bem a língua e conheço a cultura. Enfim, disse comigo, com esta compra ganham as editoras e os tradutores nacionais.

Ontem peguei no livro e comecei a lê-lo. Não estava a ser um caso de amor à primeira vista, o que não é necessariamente mau presságio, muitos livros de que gostei não me prenderam nas primeiras dezenas de páginas. No entanto sentia uma narrativa pouco fluida, e sentia algo de errado com a linguagem. Algumas frases não “soavam” bem e mais do que uma vez me perguntei como seriam no original em inglês. Até que cheguei à página 41 onde vejo a seguinte frase:

O único romance que ela elogiava sem reservas era “Meados de Março” (1).

Na nota no fim da página apenas: (1) Middlemarch.

Meados de Março? O quê? Está tudo louco? E a nota é irrelevante: não esclarece quem não sabe. Eu sei que os tempos estão difíceis, que as editoras não têm dinheiro mas querem ganhá-lo com livros competitivos, que os tradutores têm também de ser competitivos (eufemismo para ser barato) e de cumprir prazos, e tudo o mais que se poderia dizer sobre o assunto. Mas pergunto-me, vale a pena “fazer” livros de qualquer maneira e a qualquer preço? Parece que sim, e está tudo bem assim. Eu é que estou mal porque me irritei, porque fiquei espantada e porque pousei o livro traduzido por alguém que não faz ideia do que é Middlemarch, nem procurou saber, nem tão pouco procurou esclarecer os leitores, que esses sim, não têm obrigação de saber. Já agora: Middlemarch é o título de um dos melhores – e mais importantes - romances ingleses do séc. XIX. Foi escrito por George Elliot (uma mulher), e Middlemarch não tem nada de “Meados de Março”, é sim o nome de ficção da cidade de província no centro de Inglaterra (Midlands) onde se passa a acção do romance.

Ser tradutor de língua inglesa e não conhecer o básico da sua literatura e cultura, é um mau cartão de visita. Fiquei sem vontade de continuar a ler a “Viúva Grávida” (que não tem culpa nenhuma, coitada), pelos menos esta tradução. Perde Martim Amis, ganha Geoge Elliot: apetece-me reler, ou pelo menos perder-me uns tempos com as 800 páginas dessa obra-prima que é Middlemarch e revisitar uma das mais interessantes personagens femininas de sempre, Dorothea Brooke. Não é coisa para “faint hearted”, nem para as gerações alimentadas a literatura infantil, e a imediatismos: 800 páginas demoram tempo a ser digeridas.

Dando Excessivamente Sobre o Mar 54

Claude Monet
Waves Breaking

17/07/10

Dizem que o Diabo está nos detalhes, e estranhamente, o que mais me marcou no debate sobre o Estado da Nação foi a uniformidade das gravatas monocromáticas no lado do governo (impossível não ver algum Kim Il Sunismo neste detalhe) a condizer rigorosamente com a uniformidade do pensamento (positivo e optimista, claro) dos membros do governo.

A Falta de Política - Efeitos Secundários 2

O Estado da Nação é desarmante, no sentido em que já desarmou ou desarma qualquer emoção ou paixão que nutríssemos ou nutramos ainda sobre ele, o vazio e a previsibilidade dos actores (o governo sobretudo) e o beco sem saída que são as circunstâncias, deixam já pouco espaço a um envolvimento ou emoção. Assim o debate no Parlamento sobre o Estado da Nação nada foi mais do que o espelho deste marasmo e impasse nacional de quem espera, desconfortável, aquilo que sabe que tão cedo não acontece. José Sócrates foi igual a si próprio, alheado do país e hermeticamente fechado no seu mundo colorido à maneira do “Nody”. Paulo Portas teve o seu momento “uau!” no Parlamento (ele vive destes momentos) que previsivelmente encantou a comunicação social que se apressou a disso dar conta, como se fosse algo. Passos Coelho passeou na televisão o seu bem comportado e desinspirado cinzentismo. Os comentadores já não sabem que mais comentar, há há tanto tempo que disseram tudo o que havia a dizer...

Procurei remédio no clube de vídeo “meo”, e fiz a pior opção possível (não é que houvesse uma boa escolha de melhores opções, diga-se): ver coisas “leves” – aquelas que o meu instinto e bom senso me impedem (e muito bem) de ver nas salas de cinema. Assim vi: “Mulher com Cão procura Homem com Coração”, “Ouviste Falar dos Morgan?” e “Marido por Acidente”. O primeiro é muito mau, o segundo mau e o terceiro medíocre graças a dois momentos divertidos que são, no entanto, muito mais do que qualquer um dos outros filmes oferece e que chega a ser confrangedor (onde está o Hugh Grant que conhecemos de "Quatro Casamentos e Um Funeral" ou de "Notting Hill"?) A minha irritação aumentou pelo tempo perdido a ver os filmes, mas pior do que os filmes é ainda me admirar com a “moral” que eles servem, a mentalidade primária e quase analfabeta que está subjacente a estes produtos e que a sociedade consome sem questionar, tornando-os sucessos de bilheteira. O facto das personagens terem cursos superiores ou vestirem Chanel ou escreverem livros ou o facto de se moverem num mundo financeiramente folgado, só torna essa falta de cultura, de ironia e essa estreita mentalidade de que a vida se centra nesse patético “encontrar a alma gémea”, ainda mais presente e mais visível no produto final que são estes maus filmes.

Para me reconciliar com o cinema, com o mundo e comigo, vi “O Segredo dos Seus Olhos”, um filme de Juan José Campanella. Um filma que parece à moda antiga, que faz lembrar os bons filmes série B, em que o herói é perseguido por uma memória de um caso “mal” resolvido. Mas o filme é mais complexo do que isso: ao revisitar o caso “mal” resolvido – numa interessante narrativa em que passado e presente se conjugam, as personagens esbarram com o seu próprio passado, numa viagem de melancolia servida por personagens fortes, densas e que guardam cada uma o seu próprio mistério, cada uma com o seu “segredo”, o seu “desajuste”, a sua nostalgia. Ao longo dos tempos teceram inesperadas teias entre si: os diálogos são uma parte visível desse subtil tecer e são inteligentes sem nunca ganharem protagonismo (como nos casos em que temos de os decifrar ou adivinhar). Sobram a música, as cores do filme que são quentes e fortes (o baton que ela usa) e os interiores que são pequenos, cheios e um pouco claustrofóbicos, como os escritórios cheios de estantes e de papeis (os “casos”). Sobram também excelentes actores. Uma coisa que me agradou foi o facto de nenhum dos actores ser hollywoodescamente bonito, nem terem dentes todos anormalmente brancos e regulares, nem botox e enchimentos faciais, nem terem músculos esculturalmente bem colocados e desenhados. São normais, absolutamente humanos e absolutamente fascinantes. Um filme a rever.

14/07/10

Quando Mota Amaral é aplaudido pela bancada do PS e não pela do PSD é sinal de algo errado e mesmo “contra-natura” na política nacional.

Dias de Verão 18

Jean-Léon Gérome (1824 - 1904)
The Bath
Este post zangado de Pedro Mexia na Lei Seca, tem sido pretexto para trocas de argumentos e acesas discussões, algumas interessantes, em vários blogues (nomeadamente aqui). Zanga e qualificativos à parte, há uma dúvida que persiste em mim e que a minha modesta cultural liberal e a minha estrutura intelecto-cultural (nada complexa, por sinal) me impedem de perceber. Por muitas voltas que dê à cabeça, simplesmente não entendo como é que “uma situação profissional”, segundo a definição de Pedro Mexia de “independência”, pode alguma vez ser independente de um “modo de financiamento”, ou seja, os ditos subsídios. Financiamento está inexoravelmente ligado ao exercício de uma actividade profissional. Esta última simplesmente não existe sem a primeira. Há hobbies, há trabalho voluntário, há actividade amadora, mas actividade profissional sem remuneração (categoria onde os ditos “subsídios” cabem) não há. Ponto.

O que me parece estar em causa do ponto de vista da discussão política é o modo de financiamento da actividade cultural em Portugal – e já agora um módico acerto sobre a definição e o que cabe nesse conceito “cultura”, aquela que o estado deve financiar, bem entendido, que sobre a outra o terreno é vasto e a liberdade muita - e a sua dependência da atribuição ou não de subsídios, e não o tipo de vínculo laboral dos agentes culturais. Confundir o problema trazendo à arena a questão dos vínculos laborais, é pobre ilusionismo.

11/07/10

Coisas que se Podem Fazer ao Domingo 53

Bellerophon Tames Pegasus
Florença séc. XV


Fugir

A Falta de Política - Efeitos Secundários

De vez em quando pergunto-me onde está o debate político. Olho para os lados e vejo um lento mas firme apodrecimento da vida política nacional. Vejo a mais absoluta indiferença dos portugueses perante o Primeiro-ministro e sua longa cauda de casos que consigo arrasta e cada vez mais pesados em cada movimento que faz, ou a indiferença com que brindam a sombra de ministros (Obras Públicas, Cultura, Educação), ou o desaparecimento de outros que nem nos lembramos que existem, a azáfama do Ministro das Finanças, a oposição do PSD que nunca sabemos bem o que faz nem de que lado está, as demagogias das outras oposições, o PEC, as greves, as SCUTs, a Golden Share (*), os aumentos de IVA, as medidas de contenção sempre penalizando os contribuintes, as sucessivas contradições do executivo, o afundamento das instituições de crédito, a falta de uma ideia menos populista, menos imediata, a falta de visão, de uma reforma para o país, a falta de política. A indiferença, como um vírus silencioso tomou conta dos portugueses. Indiferença, e uma espera, não se sabe bem de quê. O calor... o calor, claro.

Quando há uns dias vi na SICN Jorge Sampaio a ser entrevistado, recusei ouvir essa banalidade que ares de grande estadista, não quis saber, não me quis indignar, aborrecer, irritar. Para quê? Mudei de canal, num gesto automático e parei a ouvir os comentadores de futebol na RTPN, fascinada com as análises dos jogos e com os grafismo de análise das jogadas tácticas. Uns círculos coloridos à volta dos jogadores protagonistas das ditas jogadas, pedaços de espaço vazio que se destacam para realçar a sua importância, setas que ilustram a movimentação dos jogadores ou trajectórias da bola, traço que define o fora-de-jogo e entusiasmo dos comentadores, torna muito mais fácil ouvir falar de futebol e até fico a pensar que se trata de um jogo difícil e que requer, para além do óbvio (isto é, pontapés certeiros na bola) planeamento e tácticas (desculpa Mourinho não ter acreditado mais cedo). Para minha surpresa tenho ouvido e visto muito mais “análise de jogo” do que alguma vez pensei poder fazer. Hoje será o último dia de círculos coloridos à volta dos jogadores, de espaço preenchidos com riscas, de setas no terreno, de entusiasmo. Amanhã é o regresso ao vazio político que já nem a propaganda nem as “medidas” e anúncios de chancela "Sócrates" conseguem disfarçar.

(*) A utilização pelo estado da Golden-share pelo governo no caso PT foi aplaudida pela maioria dos portugueses. Mais uma prova do pouco apreço que os portugueses atribuem à liberdade, mesmo na sua expressão económica. Temos o que merecemos.

07/07/10


Faltam dez minutos, e apercebo-me que vou, provavelmente, torcer pela Alemanha. Há uma primeira vez para tudo.


Afinal tanta conversa, tanta sentença salomónica, para dar em nada. Impossível não rir.


Se o “interesse nacional” (esta expressão é todo um título) vencer os interesses espanhóis ou outros, creio que é legítimo agora, sem se poder acusar ninguém por isso, que cada português espere e conte com um bom emprego para os filhos e os amigos, sem terem que passar pelo mercado de trabalho. Certamente que o “interesse nacional” da PT se estende a todos portugueses, e não tem quotas nem numerus clausus. Já agora: podiam abolir de vez a palavra “mercado”, afinal ninguém sabe mesmo o que significa.

05/07/10

Aqui Não.

Quando, na semana passada, se queixaram à polícia depois de terem sido assaltados e intimidados na praia do Tamariz (Estoril) por um grupo de jovens negros, lhes retorquiram com a maior naturalidade: mas não sabem que esta é a zona de gangs, que é considerado seu território e que eles não gostam que os estranhos venham para aqui? Não, eles que não vivem no Estoril, não faziam ideia sequer que a praia se dividia em “territórios”, quanto mais que aquele “pedaço” de praia “pertencia" a um determinado gang. Para que a polícia dê respostas assim, é porque esta territorialidade está já tacitamente aceite e, claro, culpados são os que ousam perturbá-la.

Velas 23

Sem Velas
(Há dois dias)

03/07/10

La Chartreuse de Parme 4

Tenho dificuldade em considerar Fabrice a personagem principal do romance (título que atribuiria a Gina del Dongo ou Duchesse Sanseverina), pois é uma personagem de menor espessura do que outras, mas Fabrice é, inegavelmente, a personagem em torno da qual o enredo do romance é tecido, é a personagem que motiva os actos das outras personagens, que despoleta circunstâncias, amores, paixões, ódios, castigos. Se não é a personagem principal, é seguramente a personagem central. Fabrice,

plein de grâces, grand, bien fait, une figure toujours riante...et, mieux que cela, un certain regard chargé de douce volupté...

a quem poucas mulheres resistem, é um exemplo da inocência que inunda La Chartreuse de Parme e que é feita de ligeireza, privilégio de berço, “inssouciance”, idealismo e entusiasmo (os seus ideais liberais), alguma imprudência (a ida dele a Waterloo é disso o melhor exemplo), uma vaga melancolia e desprendimento que ele confessa numa alusão a Gina, La Duchesse Sanseverina,

elle croira que je manque d’amour pour elle, tandis que c’est l’amour qui manque en moi; jamais elle ne voudra me comprendre.

Esta ligeireza de Fabrice é incómoda para os outros que lhe invejam a aparência, o berço, o charme...

La première qualité chez un jeune homme aujourd’hui, c’est-à-dire pendant cinquante ans peut-être, tant que nous aurons peur et que la réligion ne será point rétablie, c’est de n’être pas susceptible d’enthousiasme et de n’avoir pás d’esprit.

... e é incómoda para si próprio que sofre as consequências que essa inveja despoleta, na forma de contrariedades, uma atrás de outra, e que ele vai sempre sabendo ultrapassar com a ajuda dos que o amam, nomeadamente da Duchesse Sanseverina. Só o sofrimento o transformará, o sofrimento, como perda da inocência e dessa forma de ligeireza que o caracteriza, surgir-lhe-á muito mais tarde, depois de conhecer o amor e então percebemos que Fabrice, sempre equipado para contornar e sobreviver às contrariedades, é impotente perante perante a enormidade, a densidade e o peso desse novo sentimento. Ele não tem a capacidade para lidar com e sobreviver ao sofrimento.

Excertos de Stendhal, La Chartreuse de Parme.

Arquivo do blogue

Acerca de mim

temposevontades(at)gmail.com