25/09/11

Coisas que se Podem Fazer ao Domingo 64

Cutileiro (Guimarães)


Fundar Nacionalidades.
Há gente que nunca aprende, e os Espanhóis zapaterianos são um bom exemplo. Só há UMA maneira de acabar com touradas: as pessoas deixarem de as querer ver. Simples.

Uma Noite de Coincidências e Improbabilidades (*)

Hoje ao ler o Público on-line vejo esta notícia com fotografia a merecer um destque que nem a vitória do Sporting ou os golos de Cristiano Ronaldo (notícias imediatamente anteriores) tiveram: Valter Hugo Mãe em maiúsculas numa noite de coincidências, e segue-se uma notícia aparvalhada sobre improbabilidades, lançamento de livro, aniversário, amigos do Brasil, Mário Soares, e em como valter hugo mãe passa a ser Valter Hugo Lemos, e mais outras tantas parvoíces. Aliás parvoíces é o que mais leio sobre este autor: ora porque foi dormir na cama de Fernando Pessoa na Casa Fernando Pessoa (coitado de Fernando Pessoa que deve ter tido náuseas debaixo da terra), como se isso fosse um feito literário único e como se isso lhe desse uma qualquer aura literária especial, ora porque comove e deixa ao rubro uma assembleia na Festa Literária Internacional de Paraty, como um pregador evangélico em excessos retóricos e emotivos a invocar a força do Espírito Santo para a assembleia de fieis. Livros dele não li e não gosto; mas no meio desta parafernália e coreografia, verdade seja dita que eles ocupam um lugar de pouco destaque.

A personagem que o autor cria é servida por uma rede comunicacional bem forjada, apesar de desinspirada, pois os media seguem-no e reportam cada passo que dá fazendo dele uma espécie de Lili Caneças (sem desprimor para a Lili Caneças, a original) do meio literário passeando-se de livraria em livraria, de iniciativa em iniciativa e de festa literária em festa literária. A vantagem de Lili Caneças é que não ocupa as páginas dos jornais, nem nos vendem como notícia as suas prestações em festas de solidariedade a não ser nas publicações “cor-de-rosa”. Valter Hugo Mãe tem sempre direito a notícia de destaque qualquer que seja a parvoíce em que se envolve, ou será que dormir na cama de Fernando Pessoa como experiência místico-literária merece mais destaque comunicacional do que dar a cara numa festa de solidariedade? É por isso que eu não percebo nada de meios literários (e outros) e que, cada vez mais, a literatura é só e somente os livros que leio.

(*) Expressão tirada da notícia e que espelha a notícia.

21/09/11

Dias de Verão 25 (este ano, o último)

O Que Acontece Depois de Responder a Questionários

Depois de ter respondido a este questionário senti alguns ‘efeitos secundários’. O primeiro foi ter percebido que deixei de fora duas belíssimas obras do séc. XX de que muito gostei e que merecem destaque. Passo a referir: de Naguib Mahfouz “Trilogia do Cairo”, sendo que achei o primeiro romance quase sublime, e de Gonzalo Torrente Ballester também uma trilogia: “Os Prazeres e as Sombras”. O segundo foi ter sentido umas enormes saudades de ler Agatha Christie que li muito na juventude e que depois pouco me apeteceu ler ou reler. A vontade de a reler voltou mas confesso que tinha pouca vontade de me confrontar com o irritante Poirot. Assim, embalei uns livros velhos que tenho dela - sem Poirot - para também levar de férias comigo. Ao tirá-los da estante juntei outros dois em Português e de edição mais recente não me lembrando que um deles tem Hercule Poirot.




Lamentei só ter levado estes quatro. Foram uns dias de boa literatura light: livros bons, lidos com gozo e compulsivamente. A chuva que este ano caiu em Agosto (então no Minho...) ajudaram a horas extra de leitura. Nada a fazer: as coisas são como são, e não é por acaso que Agatha Christie é rainha do policial (e do suspense), tal como mais uma vez pude confirmar. De tal forma me embrenhei nos seus romances que até aceitei o impagável (mas ainda algo irritante) Poirot. A reler, decididamente.

19/09/11

Dias de Verão 24

Poceirão, Capital Portuguesa da Alta Velocidade

Serei eu uma cínica, mas (fazendo fé no que li) nada disto


é para mim uma surpresa. O Governo suspendeu o projecto para o analisar e reavaliar, mas parece que o resultado é previsível. A história pouco muda, e o lado mais fraco é, sem surpresa, o contribuinte. Ouvi há alguns meses Passos Coelho a favor do TGV (contra a opinião de M- Ferreira Leite, claro), pouco depois ouvi-o ferozmente (utilizando a palavra do Público) contra, e agora parece que está assim-assim a favor. Tudo tão previsível. Não se podem negociar, dadas as circunstâncias absolutamente excepcionais em que o país se encontra, e em benefício do bem comum, as condições das indemnizações, de modo a não embarcarmos neste projecto megalómano e de utilidade questionável: só mercadorias, sem terceira travessia do Tejo, meia-dúzia de comboios (!) por dia; e para o qual simplesmente não há dinheiro. Pode-se, no entanto, sempre e perante os mais variados pretextos, sobrecarregar os contribuintes, a famosa classe média que num piscar de olhos passou a ser apelidada de ‘ricos’, numa perfeita ilustração da nossa pobreza, mais de espírito do que doutra coisa. Pode-se ceder à pressão de Espanha ou de Bruxelas das empresas a serem indemnizadas, mas não se pode ceder ao bom-senso e proteger o interesse, hoje e nas circunstâncias actuais, dos portugueses.


Vitória? Só para os cegos, ou pior, para os que não querem ver. Ou de repente passa a dar imenso jeito embarcar e desembarcar mercadorias no Poceirão?

14/09/11

Entardecer 22

Há uns dias, a luz de Setembro a deslumbrar, mais uma vez.
O ‘anúncio’ está feito. Os números a reter são respectivamente: 27% de cargos dirigentes, 1712 lugares de direcção, 162 entidades da administração central, 25 novas estruturas, 137 (162-25) e finalmente 100 milhões de impacto orçamental para 1212. Gosto de números, eles são sempre úteis para confrontar e confirmar daqui a uns tempos, sobretudo quando se desconfia de ‘anúncios’. Desde a era Sócrates que reajo mal a anúncios e este executivo pouco tem feito para minimizar esta minha má reacção, antes pelo contrário. Espero para ver o rumo da tão proclamada e prometida Redução da Despesa, que o rumo do aumento da receita é clarinho como água, e tão, tão óbvio e tão, tão fácil que nem era preciso ter um governo (muito menos um governo novo, Sócrates era suficiente) para tomar as decisões fiscais (nestes casos dispensa-se a parte do 'anúncio') que este executivo tem tomado.

Em Poucas Palavras...

... descreve o Público um conseguido ‘regresso de férias’, neste caso do futebolista do Manchester United Wayne Rooney: descansou, desistiu de emagrecer, fez um implante capilar e marca golos como nunca. Inspirador, de facto. Se pensarmos o acto de marcar golos como metáfora do sucesso, percebemos que nas férias deveríamos ter descansado, desistido de emagrecer e, claro, deveríamos ter feito um transplante capilar - no caso das mulheres creio que fazer extensões é um equivalente.

Daqui a uns meses quando percebermos que algo não corre tão bem neste ano de trabalho como desejaríamos, é só lembrar estas palavras e teremos a resposta. Afinal a vida é simples.

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