30/09/07

Hospitais, Capelanias e Anti-Clericais 1

Apesar de não conhecer em detalhe o tipo de funcionamento das capelanias nos hospitais, as obrigações contratuais de ambas as partes, os custos e mesmo a pertinência da manutenção do modelo de serviço tal qual ele é prestado hoje, quase em exclusividade – senão em exclusividade total pela Igreja Católica, admito desde já a necessidade de que seja revisto e de que haja aspectos obsoletos e desajustados à realidade do Portugal de hoje que necessitem de reformulação. Sou também inequivocamente partidária de um estado laico e da rigorosa separação entre a religião (seja ela qual for) e o poder político e a sociedade. O que continuo a não entender é que para alguns sectores conservadores, sim que o anti-clericalismo e a bandeira da laicidade do Estado num país como o nosso e nos dias de hoje parece-me uma posição muito conservadora que terá tido a sua justificação noutros momentos da História, se confunda laicidade com uma recusa cega em aceitar a religiosidade de uma população e um sentimento religioso maioritário numa sociedade. Nesta semana que passou o debate sobre a proposta do governo de alterar o funcionamento das capelanias e assistência espiritual nos Hospitais trouxe tais sentimentos anti-clericais à tona na comunicação social e nalguns blogues nomeadamente aqui, aqui e aqui.

Um estado laico não pode ser nem surdo nem cego perante a realidade religiosa de um país. Esta realidade não é só feita da fé, por muito que os sectores mais conservadores da Igreja o pretendam, é feita muito e talvez sobretudo de uma realidade cultural. Se só se casasse pela Igreja quem tem fé, se só participasse nas diversas órbitas da Igreja quem tem realmente fé, teríamos ainda menos católicos praticantes e fieis aos sacramentos do que temos hoje. O aspecto religioso é bem mais complexo, amplo e vasto e está enraizado na nossa cultura e é impressão digital da nossa civilização (ver aqui). Ao minimizar ou negar este facto o anti-clericalismo está, ao contrário do que pensa, a ser faccioso e não isento, pois ignora a liberdade individual de ser religioso da forma que bem se entenda, nomeadamente de ser um mau religioso, um religioso assim assim, de não acreditar muito, mas sentir-se melhor com a imagem de N. Senhora de Fátima ao lado, de não concordar com a confissão, mas gostar de saber que se quiser tem uma igreja aqui e um padre ali, de nem se dar ao trabalho de ir à missa ou jejuar duas vezes por ano, mas dar sempre 50 Euros para as festas do santo da terrinha e queimar umas velas, de só se lembrar de Santa Bárbara quando troveja, mas de chamar um padre para benzer a casa, o barco, a nova fábrica, a nova escola. Outra característica do anti-clericalismo é uma obediência ao politicamente correcto actual tentando sempre uma espécie de humilhação ou subalternização da Igreja Católica ao pretender que em Portugal todas as religiões têm a mesma expressão, a mesma importância e relevância social, intelectual, afectiva e simplesmente numérica. Não têm como todos bem sabemos.

(Continua)

Coisas que se podem fazer ao Domingo 12

An unidentified couple
From Egypt (18th or 19th Dynasty, around 1300 BC)


Namorar


29/09/07

Para Onde?

O meu lamento só tem consolo na inevitabilidade lógica de que um dia ou outro este país acabaria por ter os líderes que realmente merece. Todos eles. Ter os líderes políticos que são a cara dos portugueses: a nossa cara. A cara dessa multidão que enche as ruas, que diz mal de tudo, que vive insatisfeita mas não ousa um passo para mudar seja o que for, que diz palavrões ao volante e se cola atrás do nosso carro, que fala alto ao telemóvel, que enche os hipermercados e o Allgarve, que um dia chora com a mãe da Maddie vai às missas e faz rumagens à Praia da Luz mas que uma semana depois a julga e assobia à sua passagem, que faz as audiências da televisão que temos, que acha que Fátima Lopes é uma escritora com talento e que ser famoso deve ser o máximo, que quer estar na Europa por isso venham daí os subsídios, que não percebe que está passiva e impiedosamente a ser comida por impostos que sustentam um estado descomunalmente gordo e obeso, que se deixa iludir pelas promessas de políticas, regalias sociais e pelo falso glamour de brilho plástico que é a modernização tecnológica que lhes parece estar a ser oferecida de mão beijada, que é manipulada pela comunicação política e que vibra quando os políticos lhes fala olhos nos olhos, que não gosta que os filhos façam exames e que não percebe porque deve ser avaliada no trabalho, que se comove ao pensar que o livro O Segredo resolverá os seus problemas, que desculpa Scolari e acha que não foi nada, que compra os livros de Saramago porque ele ganhou o Nobel, que tem inveja do sucesso do amigo, que é rápido no julgamento moral do vizinho e que passa o dia a dizer mal dos políticos.

A solução é emigrar. O dilema é para onde.

28/09/07

Plataforma contra a Obesidade 20

Louis Valtat
Nature Morte (1938)

27/09/07

Loucura Quieta

I realize freedom is a philosophical concept. That doesn’t interest me. Slaves, after all, don’t care about philosophy. Go where you want: that’s freedom!

Churilin interrupted him again, ‘Head’s not in good shape? Didn’t you have enough sense to steal? Your papers say you’re in for grand larceny. So tell us, what did you swipe?’

The prisoner pretended to brush the question aside, ‘Oh, nothing much… A tractor…’

‘A whole tractor?’

‘Yeah.’

‘How did you pull it off?’

‘Very simple. At a plant that casts reinforced concrete. I used psychology.’

‘What do you mean?’

‘I walked into the plant, climbed into a tractor – I’d hooked an empty oil drum on behind – and headed for the guard post. The metal drum made a racket so a guard came out: “Where are you going with that drum?” “On personnal business,” I said. “Got the papers?” “No.” “Then unhook it, goddam it!” I unhooked the drum and drove on. All in all, the psychology worked. Later we disassembled the tractor for parts…’

Theoretically I could have killed or at least wounded him. (…) Instead I made a move in his direction. Good breeding had gotten in my way even back in my boxing days.

What could I say to him? What can you say to a guard whose only use for aftershave lotion is internal?

What brains! Now that’s what I call brains! With brains like that you could, in theory, get by without working at all.

Sergey Donatovitch Dovlatov (1941-90) The Officer’s Belt.

Este conto é uma frincha de janela que nos permite ver um flash de vida da União Soviética. Um jovem oficial que tendo sido chamado para a tropa é destacado para guarda de um campo prisional. Ele tem uma atitude de alguma distância perante uma realidade sem nexo e surreal em que a diferença entre guardas e prisioneiros é ténue. O conto é escrito com um estilo também ele algo distante e aparentemente leve - pouco russo no sentido em que eu estou habituada: frases curtas, linguagem crua e um humor seco, que ajudam ao ambiente de falta de sentido e propósito em que as personagens parecem ser marionetas obrigadas a uma coreografia previamente estabelecida em que pouco pensam e em que ser esperto é não fazer nada. Os excertos que destaquei já permitem perceber a loucura quieta do conto. Belíssimo.

Encantada

Ando encantada, literalmente falando, isto é, sob feitiço, a ler contos russos da antologia de que falei aqui. Para além de Tcheckov cujos contos vou lendo regularmente ao longo dos tempos, já há muito que não lia contos de escritores russos. Dos nomes mais antigos aos mais modernos, alguns que nunca tinha ouvido falar, dos contos mais conhecidos, alguns tidos como clássicos, a outros perfeitamente desconhecidos e cuja tradução duvido que exista em português há um leque enorme de escolha.

25/09/07

Combate ao Sedentarismo 37

Inglês Técnico

O título é pouco original, mas tem-se revelado útil.

Também eu fiquei um pouco envergonhada com a declaração de Sócrates à imprensa após o seu encontro com Bush. Vi o vídeo no youtube, li a transcrição no site da Casa Branca. Não tanto pela gaffe de trocar East por West, mas por todo um conjunto de factores que tornaram o momento penoso para nós portugueses. O breve discurso tem uma construção e uma sintaxe própria de um aluno português do secundário que traduz à letra um texto previamente pensado em Português, o que torna o resultado final um híbrido pouco natural pouco fluído e em última análise pouco “inglês”. O texto não tem a desenvoltura de quem conhece, fala e lê inglês regularmente e com à vontade. Eu creio, e aqui estou em perfeita sintonia com José Sócrates, que um bom conhecimento da língua inglesa é um passaporte para o mundo globalizado em que vivemos, mas ele não tem esse conhecimento, e esse conhecimento não se ganha colando um vocabulário aprendido à pressa, umas frases idiomáticas e umas regras gramaticais com cuspo. É pena que não o tenha, mas não é uma tragédia. Pode sempre ter lições como tantos colegas primeiros-ministros franceses, espanhóis e outros o fizeram sem se envergonharem por isso. Pode também assumir de uma vez a sua falta de competência na língua inglesa, sem que daí venha mal ao mundo. O que custa mesmo é vê-lo, no seu tom pomposo e afectado, falar um Inglês realmente macarrónico, com sotaque duvidoso, dando um erro atrás do outro com ar de quem sabe e domina o que faz. Ontem, no seu discurso da ONU que ia escrito, apesar de os erros e gaffes não terem existido, o tom e espírito mantiveram-se intactos.

Mário Soares a falar Francês, não dava menos erros, até talvez desse mais, mas a atitude, a desenvoltura e a cultura eram outras, e isso fazia toda a diferença. José Sócrates está a anos luz de Mário Soares.

24/09/07

Dando Excessivamente sobre o Mar 12

Eugène Delacroix (1798-1863)
La mer à Dieppe
(clicar para ver melhor)

23/09/07

Taking England by Storm

Agradavelmente estranha foi a sensação que tive na semana que passou ao ver um noticiário na Sky News. Começou com a saída de Mourinho do Chelsea (razão que me levou a ligar a Sky News) e o tempo gasto com a notícia, directos e análises, deixou-me pasmada: pelos vistos o Special One entranhou-se em terras de sua Majestade e fez a diferença, cumprindo a promessa inicial e bombástica, perturbadora de algumas mentes protestantes mais puritanas, de ser special one, deixando marcas não só no futebol Inglês como também na tradicional sociedade inglesa que no entanto, mais dia menos dia, acaba sempre a acarinhar o excêntrico. O impacto da saída de Mourinho foi tal que até Gordon Brown prestou declarações lamentando a saída do treinador do Chelsea e salientando os feitos dele.

A segunda notícia do dia em questão, foi o interminável caso Madie McCann sendo nesse dia confirmada a contratação pelo casal Mc Cann de um novo assessor de imprensa, saído da equipe que dá apoio ao Primeiro-ministro Gordon Brown. A terceira notícia era a decisão de Gordon Brown boicotar a cimeira euro-africana de Lisboa em Dezembro no âmbito da Presidência Portuguesa da UE caso Mugabe compareça.

Três notícias seguidas na abertura de um jornal noticioso na Grã-Bretanha em que se fala de Portugal, e em que todas elas há um envolvimento mais ou menos visível do Primeiro-ministro Britânico, é um caso pouco habitual e que merece registo. Os casos não podiam ser mais díspares e as notícias têm impactos diferentes – o caso Mourinho foi nesse dia e nos seguintes uma bomba informativa e uma mina de ouro para a comunicação social, como qualquer leitura dos principais jornais ingleses online, ainda hoje, o confirma. Já se analisou tudo sobre ele em artigos de opinião de formas e tamanhos diferentes: as frases bombásticas, imagens e analogias (já vi algumas colecções de “quotes” de Mourinho na imprensa inglesa), a sua relação com os jogadores, a sua ambição, a ligação com a família, o seu casaco Armani, a sua “sexiness”, o seu charme, o seu sotaque, o seu cão, o seu cabelo grisalho, a sua relação com os adeptos e até li, hoje (aqui, para dar um só exemplo), sobre a sua importância para os demais compatriotas, emigrantes, nomeadamente os que estão em Inglaterra. José Mourinho, mérito dele, impôs um estilo, virou as luzes e os microfones na sua direcção, leva o nome de Portugal para níveis de excelência por esse mundo desportivo fora, e para nosso gozo he took England by storm. Novas formas de colonização.

Coisas que se podem fazer ao Domingo 11

Head of a woman resembling Cleopatra VII
Roman Empire


Experimentar novos penteados.

22/09/07

Velas 3

Hoje ao fim do dia no Tejo. Clicar para aumentar

Ratos, baratas e lagartos 3

E minhocas também; vi-as ontem na sua jaula numerada.

Corro o risco de ser radical ou de exagerar, mas não consigo impedir-me de pensar que nestes casos, de pessoas que voluntariamente e em troca de uns minutos de fama, de um frigorífico, uma viagem, ou de um outro prémio, se degradam publicamente, estamos perante uma forma de prostituição. O verbo prostituir tem a ver com conceitos como expor-se, levar à degradação, desonrar (uma consulta a dois dicionários confirmou-o) e estes conceitos são amplos. Habituámo-nos a pensá-los em termos sexuais, de tal forma que hoje socialmente um(a) prostituto(a) é aquele que se degrada, desonra e se expõe vendendo favores sexuais, e sobretudo habituámo-nos a condenar socialmente (e hipocritamente) tal prática, mas degradar-se, expor-se, abdicar da dignidade e da honra, é mais do que uma questão de venda de favor sexual. Prostituir-se tem a ver com a pessoa humana na sua integridade e nas suas múltiplas facetas, nomeadamente a intelectual. Parece que a integridade intelectual não só não é identificada como nem sequer é valorizada, pois televisões, concursos e demais programação dos canais genéricos, livros, jornais, revistas, músicas, e todo o universo subreptício de marketing ao serviço dos mais variados interesses, nomeadamente dos políticos, vivem tantas vezes da exploração da estupidez humana, da tontice e dos instintos mais básicos que impedem o momento de reflexão e os dois breves momentos que podem despoletar o espírito crítico bem como a noção do ridículo. Também parece que para o divertimento convém esquecer as faculdades mentais. Por isso todos os dias vejo os ratos, baratas, lagartos e minhocas, ajuizados nas suas jaulas à espera que uma mão os visite e tire o envelope que tão zelosamente guardam. Isn’t it fun?

20/09/07

Plataforma contra a Obesidade 19

Claude Monet
Le Panier de pommes (1880)

Ratos, baratas e lagartos 2

O concurso da SIC de que falei no post anterior deverá ter como objectivo o aumento de audiências que a estação tanto procura numa altura em que estas estão baixas, em que a Floribella II não foi o sucesso previsto. Se o conseguirá ou não, eu não sei, mas a ideia de fazer um espectáculo, e ter espectadores, claro, à custa da exposição, abuso e degradação das pessoas não é inédita. Nos tempos áureos do Coliseu em Roma a população divertia-se vendo pessoas combater até à morte ou animais a comer os indesejáveis e marginais. Uma das diferenças em relação a hoje não está tanto nos espectadores, que pelos vistos não perderam a vontade de ver outros companheiros da condição humana em situações de degradação e humilhação, está sobretudo nos “concorrentes” que no Coliseu tinham a ponta de dignidade, que faz toda a diferença, a de lá estarem contra a sua própria vontade de lá estarem porque eram obrigados a fazê-lo. Claro que nos concursos televisivos e Reality shows que promovem a exposição da fraqueza e tontaria humanas humilhando e degradando concorrentes, o desfecho raramente é trágico e definitivo nem está em causa a vida dos concorrentes, mas o espectáculo de exposição, humilhação degradação estão. É só uma questão de graduação, o princípio é o mesmo. E se me pergunto como há pessoas normais que gostam de assistir a tais espectáculos, pergunto-me sempre também o que levará pessoas normais a inscrevem-se em tais programas de entretenimento, e se os prémios ou dinheiro em jogo são suficientes para aliciar tantos potenciais e alegres concorrentes. Dizem que vão para “se divertirem”, mas creio que no mundo mediático de exposição permanente e falsamente igualitário, todos querem o seu “direito” à fama, nem que sejam apenas os tão desejados dois ou três minutos, neste tipo de concursos, os prémios raramente são aliciantes.
(Continua)

19/09/07

Ratos, baratas e lagartos

Descobri recentemente que a SIC tem um novo concurso, cujo nome não fixei, que passa antes do Jornal da Noite. Como frequentemente ligo a televisão um pouco antes das 20h tenho, malgré moi, apanhado o final do concurso. Fico espantada com o que vejo. Para além de um cenário de gosto duvidosíssimo e de um apresentador inenarrável, vi umas gaiolas com ratos, baratas, grandes lagartos, e vejo a mão das concorrentes (haverá discriminação sexual na escolha dos concorrentes, será que não há quotas apara homens?) dentro das gaiolas a procurar e agarrar, entre gritinhos e alaridos de vários tons, um envelope que deverá ter ou uma chave para prémio ou mesmo o prémio, não cheguei a perceber. A coisa é má, muito má mesmo, tão má que a Floribela e as suas fadinhas pareceram-me, por instantes, um interessante desafio intelectual.

Velas 2

Hoje ao fim do dia no Tejo. Clicar para aumentar.

Velas

Hoje de manhã no Tejo. Sem vento e velas recolhidas. (Clicar para aumentar)

17/09/07

Valores Seguros

The roots of literature lie in song, prayer and story. For all its sophistication, Russian literature is relatively young and therefore closer to these roots than the literature of Western Europe. (…) the anekdot, usually a political story-cum-joke, was an important art form in the Soviet Union; and Russians still sing and recite poetry on social occasions. It is not surprising that both poems and short stories continue to have a central place in Russian literature; the English, in contrast, tend to pay only lip service to the importance of poetry and to look on the short story as a minor genre, something for the apprentice to cut his teeth on before the serious work of writing a novel.

(…) There is no major Russian prose-writer who has not written short stories, and many of Russia’s finest prose writers wrote chiefly in this form. This may came as a surprise to English-speakers, who tend to assume that the supreme achievement of Russian literature is the epic novel.

Intoduction
Russian Short Stories from Pushkin to Buida. Edited by Robert Chandler

Depois das desilusões que as leituras do verão se revelaram por ser, dos livros recentes comprados de propósito e deixados a meio sem que os conseguisse acabar, nada como regressar aos bons e velhos valores seguros, um universo inesgotável, onde as desilusões são poucas, e o “gostar ou não” é secundarizado, porque a qualidade e peso da obra é muitas vezes superior ao “gosto” sempre volátil e frágil. Essas obras têm o condão de nos ultrapassar, de apelarem a muito mais do que o que temos em conhecimentos, afectos, memória, inteligência, experiência, sensibilidade, sonho, vontade, por isso estão para lá das opções estéticas pessoais e do gosto peculiar do instante em que são lidas. Assim, respirando de alívio, abri o livro já comprado há uns meses e iniciei mais uma volta pelos autores russos, pelos seus contos, sem descurar uma vontade de ler alguns dos autores mais modernos de quem nunca sequer tinha ouvido falar.

16/09/07

Dando Excessivamente sobre o Mar 11

William Turner (1775-1851)
Margate from the sea
(Clicar para ver melhor)

13/09/07

Combate ao Sedentarismo 36

Mais umas moedinhas, por favor

Há uns anos atrás criticava-se Valentim Loureiro por distribuir fogões, máquinas de lavar roupa e outros electrodomésticos à população de Gondomar em plena campanha eleitoral autárquica. Hoje assistimos ao desfile de professores e alunos que, das mãos do Primeiro-ministro e de outros Ministros, e formando uma plateia bem comportada, recebem computadores com ligações à internet a preços competitivos. O gesto é o mesmo e é igual, em essência, a outro tão glosado em filmes de época, de um cavaleiro nobre e rico que atira moedas às gentes pobres que lhe rodeiam o cavalo. Coisas de outros tempos, coisa de outras sociedades.

Valentim Loureiro era movido por instintos de luta contra a pobreza e tinha como objectivo melhorar um pouco a qualidade de vida dos seus autarcas. José Sócrates é movido pelos restos guterristas da paixão pela educação, e pela sua obsessão com a tecnologia como se ela só por si pudesse resolver o índice de insucesso escolar e todos os problemas de atraso cultural e civilizacional que nos (a nós Portugueses) são atribuídos. Sem o desejo de aprender, sem disciplina, sem exigência, sem esforço, sem curiosidade, sem cultivar o espírito crítico, sem rigor, não há computador que melhore o índice de insucesso escolar, não há revolução tecnológica que melhore os níveis culturais do país. Pelo contrário, os alunos pensarão que no computador têm uma saída fácil para trabalhar, uma solução rápida para os problemas e dificuldades, os seus trabalhos serão (já o são tantas vezes, dizem) meros “copy/paste” da Wikipedia, e as navegações na internet serão feitas para se manterem em “contacto” com os amigos e passarão horas a fio no MSN, Chats, HI5, farão downloads, jogarão em linha, verão pornografia, etc, etc.

Mais sobre este assunto e o gesto político de campanha aqui, em O Major e o Aprendiz.

12/09/07

Plataforma contra a Obesidade 19

Martinus Nellius (1674-1706)
Still Life with Quinces, Medlars and a Glass

Neste blogue chamaram-me a atenção para esta fotografia que estava na capa do Público. Reparei em algo insólito: a mão direita de José Sócrates. Fico na dúvida: será que teve uma súbita enxaqueca? Uma tontura ou vertigem? Será que afasta uma madeixa de cabelo da testa (mas isso era mais António Guterres)? Tenta esconser a cara num acesso de timidez inspirado pela desaparecida Princesa do Povo? Percebeu que se esqueceu de algo importante? Ou benze-se? Impossível, devo estar a sonhar.

(Actualização)

Hoje nos telejornais um país cada vez mais igual a si próprio:

Mais entregas de computadores portáteis pela mão do Primeiro-ministro e de outros ministros. José Sócrates fê-lo numa escola de Oeiras que só começa as aulas na segunda-feira, ao lado de Isaltino de Morais. Interessante.

Um mínimo de 15 minutos com o caso “Madeleine”. Ainda se consegue dizer tanto sobre esse caso?


A Espuma dos Dias que foram 6

Serra da Peneda

A Espuma dos Dias que foram 5

Nunca um verão foi para mim tão mau de leituras como este. Ao contrário do habitual, muni-me de romances recentes, comprados de propósito para serem lidos logo, quase todos num impulso guiado por uma vontade de ler boas histórias (algumas na História) descomplicadas, que me prendessem e que não exigissem muita concentração. Capas luminosas e apelativas e que tivessem para cima de duzentas páginas. Ao contrário de alguma tendência que vejo nas livrarias, provavelmente ditadas por interesses comerciais, que normalizaram o romance de cento e poucas páginas, eu gosto de livros grandes ou de romances que se declinam em vários livros grandes (Guerra e Paz nunca me assustou, bem pelo contrário) e de pensar que me vão embalar por uns tempos. Talvez porque prefira continuar a ler do que começar a ler. As primeiras páginas de um romance são sempre as mais difíceis, e acabar um livro de que se gosta revela-se sempre uma perda, uma espécie de luto. Comprar livros para os ler logo de seguida não é um gesto habitual em mim, embora às vezes aconteça. Compro-os normalmente porque gosto, para os ter, um dia, lê-los ei. Gosto de os deixar passear pela casa, numa espécie de estágio a fazerem-se desejados (“apprivoiser”, parece ser uma boa palavra) antes de os colocar na estante. Este verão nada disso aconteceu, sem me dar conta alterei os rituais e o olhar sobre os livros na livraria, dos quatro que comprei só acabei um,


Barrie Sherwood
Escape From Amsterdam

outra coisa rara pois mesmo quando o romance não me agrada totalmente tento lê-lo até ao fim. O que acabei não me agradou especialmente, mas talvez fosse o único com uma escrita de alguma qualidade, algum humor e originalidade, mas nem por isso o recomendo. Para atenuar a frustração peguei nuns volumes antigos das aventuras de Hercule Poirot, pois Agatha Christie é sempre um valor seguro, e diverti-me a reler histórias que já nem lembrava.

09/09/07

Coisas que se podem fazer ao Domingo 10

Lambert-Sigisbert ADAM, 1700-1759
Neptune calmant les flots
clicar para ver melhor


Tentar acalmar ventos e marés, furacões e tufões.

Os McCann vão embora, e talvez o caso arrefeça um pouco do quotidiano informativo. A excessiva mediatização do caso procurada pelos pais de Madeleine está a virar-se contra eles, para já pelo menos no nosso país quer de lágrima quer de vaia fácil, e de rápidos julgamentos populares. Tentei sempre não procurar informação sobre este caso, tentei interessar-me o menos possível, mas tem sido difícil escapar e não ser bombardeada por ele a toda a hora, nas televisões, jornais, revistas, internet. Penso às vezes, como seria o mundo se, por cada criança desaparecida, se construisse um caso com um centésimo da dimensão e ruído deste... Dito isto, uma criança desaparecida é sempre algo que fere - especialmente a nós mulheres - nas entranhas, e o desaparecimento da pequena Madeleine é trágico, mas o aparato mediático e popular na Praia da Luz já enjoava, os directos obrigavam-me a mudar de canal e francamente quero que se vão embora, quero que o caso acabe, mas que acabe com profissionalismo, eficácia e rapidez que se exige da Polícia Judiciária. O problema é que também isso já questionamos: há muito.

Havemos de Ir a Viana

À margem da reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, os Ministros europeus e comitiva passearam pelo centro histórico de Viana do Castelo, viram os trajes típicos de Lavradeira, ouviram a banda na Praça tocar o “hino” europeu, ouviram Fados, provaram o vinho Alvarinho, dançaram o Vira do Minho com os ranchos folclóricos, viram o fogo de artifício no Jardim. Estou certa de que os Ministros Europeus tiveram uma noite que não esquecerão. Eles não sabem que nós (os portugueses, sobretudo do norte) não perdemos o hábito de, generosa e simpaticamente, praticamente obrigar turistas ou visitantes a gostar da nossa terra. Eles também não sabiam que tinham escrito no seu fado Havemos de Ir a Viana.

08/09/07

Plataforma contra a Obesidade 18

Pablo Picasso
Fruit Dish, 1908-09

07/09/07

A Porta Estreita

A recente revelação de cartas de Madre Teresa de Calcutá em que ela dá conta das suas profundas dúvidas e crises de fé, tem sido alvo de comentários mais ou menos jocosos, sobretudo vindos de sectores mais agnósticos, ateus e anti-clericais. Eu sempre senti alguma divertida perplexidade pelo fascínio que os assuntos quer de fé, quer de doutrina, quer litúrgicos relacionados com a Igreja Católica exercem naqueles que estando fora nunca se cansam de os comentar e na persistência com que o fazem. Muitas vezes, se não quase sempre, os comentários são baseados em ignorância pura e dura, o que não é de admirar, e outras vezes chegam mesmo a ser tingidos de má-fé.

Não me vou alongar sobre a milenar tradição de dúvidas, crises pessoais e crises de fé, nomeadamente, porque mais “visíveis”, dos Santos Canonizados e mesmo de muitos Doutores da Igreja. Nem me demorarei sobre questões de fé que se prendem com o livre arbítrio. No entanto citarei as recentes palavras de Bento XVI no Angelus a 26 de Agosto, um texto curto e fácil. À pergunta "Senhor, são poucos os que se salvam?" a resposta de Jesus é: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita” (Lc 13, 23-24). Depois, mais adiante, o Papa destaca muito claramente e sem hesitações nem excepções, nem casos especiais, nem outras considerações supérfluas, os critérios ou o “passaporte” para entrar na vida eterna: a bondade do coração, com a humildade, com a mansidão e a misericórdia, o amor pela justiça e a verdade, o compromisso sincero e honesto pela paz e pela reconciliação. É só isto e é simples. Em momento nenhum se fala em certezas inabaláveis, em verdades incontestadas ou absolutas.

Para mim, este texto é particularmente interessante e bastante ousado porque centra o essencial do catolicismo em três ou quatro conceitos básicos, e sendo um texto limpo de ruído percebemos como tantas questões fracturantes que ao longo dos tempos alimentam e entretêm não só a própria Igreja e os seus fieis, mas também a humanidade, são excêntricas ao core da mensagem cristã de salvação. Assim acaba por ser secundário ou diria mesmo irrelevante, ter dúvidas ou não, hesitar ou não, questionar ou não. Exemplos não faltam e poderia alongá-los para áreas, nomeadamente da moral sexual ou da reprodução, tão do agrado e tão bandeira de combate de alguns agnósticos, ateus, republicanos e laicos e, em contrapartida, com posições por vezes tão extremadas e tão radicais do lado dos fieis ou mesmo da própria Igreja.

06/09/07

A Espuma dos Dias que foram 4

Foz do Minho
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Luciano Pavarotti

Era uma força da natureza, bigger than life, com uma voz que enchia e comovia. Não deixou ninguém indiferente. A morte leva-o cedo demais. Nunca o vi (ouvi) ao vivo. Pena.

Aqui canta em português com Caetano Veloso, numa das suas muitas extravagâncias.

05/09/07

A Espuma dos Dias que foram 3

Foz do Minho (a Ínsua ao fundo)
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I Fell out of Bed

De vez em quando dou por mim a ouvir com atenção as letras das músicas e a perguntar-me se fazem algum sentido, se têm alguma qualidade, alguma sonoridade mais interessante ou se veiculam alguma ideia. Creio que tudo começou, há muito tempo, com um pedaço de refrão de uma música dos Bee Gees I Strated a Joke, da qual, durante muito tempo, eu só conhecia este pedaço de frase and I fell out if bed que me intrigava demais, e perguntava-me, com uma pontinha de indignação, como é que “cair da cama” podia estar numa letra de música tão pungente assim e que parecia ter um cunho algo dramático que nos desafiava enquanto ouvintes. Demorei muito tempo até mais ou menos conhecer o resto da letra, e mais ou menos perceber como é que o fell out of bed encaixava no sentido daquela canção. E encaixa, pelo menos tanto quanto todas aquelas frases fazem sentido. Eu gosto da canção. (Pode-se ouvir aqui)

Um Pouco mais de Alma

Há letras de músicas que me surpreendem porque me parecem nada ter a ver com a música, ou com a melodia, outras porque inesperadas, outras porque não dizem nada, outras que simplesmente me agradam, ou porque são bem feitas ou simplesmente porque sim, que é sempre um bom motivo. Divirto-me a adivinhar as rimas, tarefa algo fácil com a maioria das músicas portuguesas em que qualquer coisa terminada em “or” rima com amor (será que exagero?), ou que tudo o que termina em “ão” acaba sempre a rimar com coração ou paixão. Nestes últimos tempos ando às voltas com um pedaço de letra de uma canção que ouço repetidas vezes na rádio cantada por João Pedro Pais e Mafalda Veiga. Não sou especial apreciadora de nenhum destes cantores, nem gosto particularmente deste dueto em que as vozes parecem dissonantes, por isso nem sequer me esforcei por perceber a letra, mas o refrão que reza assim Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma / Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma, deixa-me siderada. Que tudo peça mais calma ainda vá que não vá, que nos dias que correm a tranquilidade é sempre bem vinda, agora que é isso de o corpo pedir um pouco mais de alma? Isso existe? Eu bem quero não pensar na frase, mas ela causa profundas dúvidas ontológicas a qualquer pessoa que perca mais de dois segundos a ouvi-la. Provavelmente não terá sido essa a intenção dos autores, se calhar tudo o que queriam era uma rima que não fosse muito má e que parecesse um bocadinho pensada, menos light, mas que se pode fazer quando se apregoa que o corpo pede um pouco mais de alma?

Combate ao Sedentarismo 35

Para os ver dançar, clicar aqui

Smoke gets in your eyes

They asked me how I knew
My true love was true
Oh, I of course replied
Something here inside cannot be denied

They said someday you'll find
All who love are blind
Oh, when your heart's on fire
You must realize
Smoke gets in your eyes

So I chaffed them and I gaily laughed
To think they could doubt my love
Yet today my love has flown away
I am without my love

Now laughing friends deride
Tears I can not hide
Oh, so I smile and say
When a lovely flame dies
Smoke gets in your eyes
Smoke gets in your eyes

The Platters

04/09/07

Dean, Félix. Furacões, Monções, Tufões, Ciclones e demais tempestades

Por muito esforço que se invista em programar trabalhos, actividades ou férias, temos sempre que lidar com as circunstâncias tais como elas se apresentam e não tal como se desejam e sonham. Ninguém diria em Abril que este verão, do ponto de vista da meteorologia, seria o que foi: ventos fortes e persistentes, chuvas abundantes, nuvens, temperaturas muito abaixo do normal e uma temperatura da água do mar pouco amiga de banhos prolongados. A vida tem sempre uma a componente de imprevisibilidade que não cessa de surpreender, mesmo aqueles que mais apregoam gostar do imprevisto e se declaram pouco amigos de grandes planos e agendas. Há, no entanto, factores que são previsíveis e pouco esforço é necessário para que todos os conheçam. Em Agosto há por esse mundo fora, furações, monções, tufões, chuvas fortes, e calores abrasadores. Viajar para lá do Mediterrâneo, neste período do ano, representa sempre um risco elevado de encontrar condições meteorológicas adversas. Ignorá-lo é sinal de que não se sabe, ou de que não se está preparado para viajar. Viajar implica sair do mundo tal como se conhece, sair de si, dos hábitos, confortos e das pequenas seguranças; é incómodo, cansa, deixa-nos vulneráveis, faz-nos crescer.

Hoje pouco se viaja de facto. Fazem-se férias aqui e ali, mas viaja-se pouco. Uma travessia dos oceanos ou continentes apela a todos os que crêem gostar de viajar, de aventuras e de imprevistos e que não deixa de encher o peito a quem atravessa a zona de embarque de qualquer aeroporto. Mas o que fazem é ir de férias, uma estadia de uma semana bem entrincheirados num resort com segurança prevista, conforto razoável e programas para todos os gostos, e sempre lado a lado com outros tantos que, surpresa das surpresas, fazem férias. Provam-se umas comidas locais, bebem-se umas bebidas exóticas adocicadas com o alcool suficiente para “relaxar”, compram-se uns recuerdos, fazem-se umas excursões para visitar a cidade/vila mais próxima, e com um bronzeado de impor respeito, regressa-se a casa com a sensação de ter descoberto novos horizontes. Mutatis mutandis estamos perante uma versão um nadinha mais exótica e ousada de uma ida à terrinha (sem nenhum tipo de desprimor para a terrinha tão querida de todos nós) onde se tem a segurança e conforto de que gostamos, as comidas e bebidas que adoçam o coração, a visita à cidade/vila mais próxima, e os outros que tal como nós, querem mais do mesmo. Ora isto não é viajar.

Tanto não é viajar que, à primeira contrariedade, neste caso o furacão Dean, enchem-se os noticiários que dão conta dos portugueses que livremente escolheram fazer férias nessas paragens e que no entanto se lamentam do azar. Acho bem que a comunicação social se preocupe com a sorte dos portugueses que estão de férias, mas não ao ponto de abrir noticiários e encher páginas de jornais durante dias a fio. Sobretudo sabendo que qualquer turista num resort está mais preparado para enfrentar os ditos furacões do que a maioria da população local. O furacão Félix, que hoje com a força máxima, ameaça países como a Nicarágua e as Honduras não merece nem de longe nem de perto o tratamento mediático do Dean, só porque não há tantos portugueses a fazer férias nas Honduras e na Nicarágua. Parece um pouco desajustado, não?

Dando Excessivamente sobre o Mar 10

Paul Gauguin
Vaches au Bord de la Mer, 1886
(clicar para ver melhor)

03/09/07

A Espuma dos Dias que foram 2

Lembro-me de durante as férias ter ouvido falar de:

Luta interna no BCP. Confesso que prestei pouca atenção a estes episódios finais, mas não sei porquê fiquei a admirar mais Belmiro de Azevedo e reforcei a minha convicção de que ele é o que mais próximo existe em Portugal de um verdadeiro empresário, independente do regime, do centrão e muitas vezes até apesar de e contra o Estado. Não gostei desta novela BCP, talvez por ser um espelho demasiado fiel da nossa realidade/mentalidade portuguesa.

Entrega de computadores pela mão do Primeiro-ministro algures aqui no nosso país. A notícia provoca náusea pela falta de imaginação deste enredo e consequente previsibilidade; pelo simbolismo bacoco, paternalista e provinciano do gesto (no Estado Novo fazia-se melhor?) que a repetição expõe sem dó. Revolta por nos tomarem por parvos.

Deboche. Apurei o ouvido, interessei-me, fiz uma nota mental para posteriormente tentar perceber do que se tratava. Assim fiz e a desilusão foi total. Nem com “deboche” Portugal aquece.

Eduardo Prado Coelho. Lia às vezes as suas crónicas que ora me irritavam (a grande parte das vezes), com o seu exibicionismo intelectual as inúmeras citações, as frases incompreensíveis, o preconceito e o azedume, ora me divertiam com o seu olhar particular sobre o mundo, o humor, a ironia, a bonomia e a sua, tantas vezes, boa escrita. Era culto e gostava de exibir a sua cultura. Era uma figura presente e agora é ausente. A doença, nossa e dos outros, ameniza-nos porque sabemos que perante ela todos estamos desprotegidos e sós. E sós deixamos este mundo.

Red Bull Air Race. Tenho pena de não ter visto. Teria tido a sua dose de emoção, estou certa.

Furação Dean e portugueses de férias nas Caraíbas. Voltarei em breve a este assunto.

02/09/07

A Espuma dos Dias que foram

Castro Laboreiro
Serra da Peneda
(Clicar para ver melhor as ruínas do Castelo no canto superior direito)

É esta paisagem agreste, serra feita de muita pedra, urze e tojo, céu azul que depressa nuvens grossas escurecem para pouco depois se desfazerem, sol brilhante que tanto se esconde e nos arrefece como no momento seguinte nos queima, e vento, sempre vento, que me move. É esta beleza rude e esta sensação de inacessibilidade e de incompreensão que me seduz.


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