31/05/10

A questão que agora se coloca é saber como é que, após um ataque especulativo, sobreviveremos a um ataque de vuvuzelas.

30/05/10

Dias de Verão 17

Paul Cézanne
Panoramic View

Excesso de Zelo

O excesso de zelo sempre me deixou desconfiada, venha ele de onde vier e confesso que as reacções esta semana (“ferida aberta” e outras frases e expressões afins) por parte de determinados sectores católicos, nomeadamente por parte do Cardeal Patriarca, que respeito e considero, à decisão do PR Cavaco Silva de promulgar a lei dos casamentos gay, me parece quase roçar a histeria. Nunca D. José Policarpo me pareceu “histérico” e a sua reacção agora não deixa de me surpreender. Cavaco Silva, no seu papel institucional de Presidente da República (e não enquanto cidadão católico), fez o que considerou correcto em nome dos valores institucionais que sempre defendeu: a estabilidade, a não distracção do país em relação aos problemas fundamentais – dívida - que enfrenta, e aos quais é estruturalmente fiel. O Estado Português é um estado laico, graças a Deus, o que confere também uma maior liberdade à Igreja (como o Papa Bento XVI tão apropriadamente referiu no seu discurso à chegada ao nosso país). É assim que eu gosto e é esse um dos valores fundamentais da cultura civilizacional do ocidente em que a democracia impera. Oxalá assim se mantenha por muito tempo.

A morte do cristianismo (bem como da religião em geral e de uma ou outra religião em particular) já foi anunciada inúmeras vezes por filósofos, ideólogos, políticos, ditadores. Ditadores frequentemente perseguem quem professa determinadas, ou não, religiões. Mas a religião nunca morreu. A religião não morre, por muito que se persigam e matem os crentes. O Catolicismo também não morrerá. Pode ser praticado clandestinamente, pode passar às catacumbas, mas não morre, e como a história já o demonstrou poderá, pelo contrário, sair reforçado e purificado. Bento XVI sabe isso e várias vezes abordou esse tópico de os católicos serem minoritários em sociedades onde eram maioritários. Poucos, mas bons, dizem.

A questão que se coloca é sobretudo civilizacional: como florescem e, em última análise, sobrevivem os valores civilizacionais ocidentais, nos quais se incluem a secularidade do estado que permite a democracia, a tolerância e o respeito pela liberdade individual. Por isso, e apesar de não gostar de igualizar o que não é igual, nem me apaixonar por causas fracturantes, se tivesse que escolher, não hesitaria: prefiro viver numa sociedade em que os gays se podem casar, do que viver numa sociedade em que os gays são injustamente discriminados.

Os Tempos e as Vontades



Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía

Luis Vaz de Camões

26/05/10

Breve História de um Magalhães

Com o entusiasmo e urgência de quem quer uma caderneta de cromos do mundial, pede um Magalhães. Os argumentos contra são enumerados, são claros, são imbatíveis, são inflexíveis. Segue-se uma crise quase existencial que se ignora estoicamente. Um dia vem o argumento a favor, último e arrasador: a professora perguntou se já todos tínhamos o Magalhães porque mais tarde vamos usá-lo, e já todos (um todos que carrega o peso do mundo) têm, menos eu – dito com a raiva própria das grandes vítimas da injustiça. Semanas depois chega o Magalhães. Desfaz-se o pacote e liga-se o computador com o entusiasmo de sempre. Explora-se o seu potencial (tão limitado, não é?) e jogam-se os jogos, que fáceis demais, depressa se esgotam. Poucas semanas depois, menos do que as semanas que demora a esquecer a caderneta de cromos, o Magalhães dorme sono profundo num canto esquecido, quem sabe à espera que a professora o chame. Já passaram quase dois anos. Houve eleições, crise, mudança de prioridades, mudança de Ministra de Educação. A professora nunca mais falou do Magalhães, nunca o pediu, nunca o utilizou. Ainda bem.

24/05/10

La Chartreuse de Parme

La politique dans une oeuvre littéraire, c’est un coup de pistolet au milieu d’un concert, quelque chose de grossier et auquel pourtant il n’est pas possible de refuser son attention.

Nous allons parler de fort vilaines choses, et que, pour plus d’une raison, nous voudrions taire; mais nous sommes forces d’en venir à des évènements qui sont de notre domaine, puisqu’ils ont pour théâtre le coeur des personnages.

(...) De tout ceci, on peut tirer cette morale, que l'homme qui approche la cour compromet son bonheur, s'il est heureux, et dans tous les cas, fait dépendre son avenir des intrigues d'une femme de chambre.

Stendhal, La Chartreuse de Parme

22/05/10

Velas

Hoje

18/05/10

Plataforma Contra a Obesidade 59

William Bailey (1930)
Mercatale Still Life

Um Governo Que Não Governa

Em tempos difíceis como os que atravessamos, esperava-se alguma “gravitas” por parte de quem nos governa, juntamente com algum sentido de estado. Esperava-se que o peso da responsabilidade pela incapacidade de ter políticas que impedissem o pais de chegar ao estado de pré-abismo que chegou tocasse de uma forma ou de outra o Primeiro-ministro e ele sentisse a urgência de repensar o país. Esperava-se que, juntamente com o seu governo, fizessem alguma política, estudassem e propusessem reformas estruturais que a médio e longo prazo permitissem ao país sentir uma diminuição real do peso financeiro do estado e sentir redobrada eficiência dos serviços públicos. Esperava-se que pensassem para além do imediato “como sair deste sufoco já”, (UE/Alemanha exige) e que resolvem com a medida mais fácil que é o aumento de todos os impostos e criação de novos. Esperava-se que percebessem o que se está a passar com a crescente perda de independência e poder de decisão dos governos nacionais para a UE/Alemanha. Esperava-se que o governo percebesse que com estas medidas fáceis de aumento de carga fiscal é cada vez menos atraente ser empreendedor e criar riqueza, e que a classe média está a ficar cada vez mais pobre. Esperava-se que o corte de custos do Estado não fosse inteiramente suportado pelos contribuintes. O país espera e precisa de soluções que o permitam ser económica e financeiramente viável.

Para isso o governo na pessoa do Primeiro-ministro tem que governar, coisa que não faz há mais de um ano quando o país político entrou em época eleitoral. A irresponsabilidade, leveza e vazio que o caracterizam continuam, e ao contrário de governar, o Primeiro-ministro mantém a sua agenda de habituais sessões de propaganda, cada vez mais patéticas e falsas (esta última em “espanhol técnico” para nossa vergonha). Continua o seu discurso sobre energias alternativas, novas tecnologias, tecnologias de informação, numa infantilização do seu cargo que cada vez mais custa ver. Sobretudo porque pouco sobrou das tantas “medidas” reformistas (como ela lhes chamava) do seu primeiro mandato. A sua credibilidade está ferida, como pessoa e como Primeiro-ministro. Os acumular de casos passados, os seus amigos, a sua família e os cada vez mais numerosos casos políticos de “inverdades”, manipulação de informação (este é o mais recente) contradições, avanços e recuos, e desmentidos (um exemplo recente aqui) tornam difícil a tarefa de disfarçar a sua fragilidade, e o custo de o manter como Primeiro-minitro é cada vez mais evidente. Portugal precisa de quem o governe e não apenas de quem reaja, e mal.


16/05/10

Bento XVI em Portugal 5

A fotografia que faltava:

Helicóptero de Bento XVI a sobrevoar o Cristo-Rei (12/05/10)

Confesso que, depois de ver isto e de ler os elogios de Mário Soares ao actual líder do PSD, senti mais do que nunca a falta (ou as saudades políticas, se é que isso existe) de Manuela Ferreira Leite, do seu ar seco e do seu estilo nada “perdoa-me”. Ela nunca seria elogiada assim por Mário Soares.

15/05/10

Bento XVI em Portugal 4

Porto

Mas, se esta certeza (“Eu estarei sempre convosco até ao fim do mundo” (Mt 28, 20)» (Bento XVI, Enc. Caritas in veritate, 78)) nos consola e tranquiliza, não nos dispensa de ir ao encontro dos outros. Temos de vencer a tentação de nos limitarmos ao que ainda temos, ou julgamos ter, de nosso e seguro: seria morrer a prazo, enquanto presença de Igreja no mundo, que aliás só pode ser missionária, no movimento expansivo do Espírito. Desde as suas origens, o povo cristão advertiu com clareza a importância de comunicar a Boa Nova de Jesus a quantos ainda não a conheciam. Nestes últimos anos, alterou-se o quadro antropológico, cultural, social e religioso da humanidade; hoje a Igreja é chamada a enfrentar desafios novos e está pronta a dialogar com culturas e religiões diversas, procurando construir juntamente com cada pessoa de boa vontade a pacífica convivência dos povos. (Aqui)

Bento XVI em Portugal 3

Porto

Vaidade e Orgulho

Nos dias que passaram, a minha prioridade noticiosa foi, clara e inequivocamente, acompanhar tanto quanto possível a visita do Papa Bento XVI e a sua mensagem, através das várias visitas, encontros, homilias e discursos. Queria que o mundo e o seu ruído tivessem parado por uns dias não só para aumentar a disponibilidade mental como para dar mais espaço interior a essa viagem pelas faces do catolicismo que cada dia nos eram dadas ver. Não pude escapar totalmente pois a semana que passou foi fértil em importantíssimas decisões políticas para combater “a crise” e em jogos comunicacionais diversos. Tempo haverá, infelizmente, para os digerir e sobre eles me insurgir e desabafar.

A rápida passagem de Bento XVI no Porto comoveu-me. Porque o Porto estava lá, estava como nós sabemos que ele é: a chuva miudinha, a neblina sobre as pontes e o rio, o cinzento, as fachadas de pedra dos edifícios, as gentes que sabem acolher como ninguém (assim queiram), as varandas engalanadas (a da Câmara Municipal estava particularmente bela) e cheias de pessoas símbolo de uma vida que vem “de dentro”, a estrutura para o altar de linhas sóbrias, os painéis de madeira no fundo, bem como o belíssimo altar e cadeiras de madeira, frutos de trabalho de artesãos do norte dando uma nota do conforto burguês bem nortenho num dia em que o tempo não se fez clemente. A eucaristia teve uma dimensão de intimidade e de interioridade que raramente acontece em missas campais, mas reparei que todos os detalhes litúrgicos foram cuidados (evangelho declamado, coros de altíssima qualidade, paramentos...) o que contribuiu para a solenidade do momento, num ambiente de simplicidade.

Confesso que na emoção e vaidade (um pecado, dizem) portuense do momento me perguntei se o Papa repararia na qualidade daquele trabalho que o norte lhe oferecia. Depressa tive a resposta: no momento, a seguir à eucaristia, que o papa dedicou (visto na televisão em directo) a cumprimentar o jovem sacerdote (?) dono de uma voz excelente e que cantou o evangelho, e depois ao ler que o Papa pedira a cadeira em que descansara depois da missa no Porto. Razões para a vaidade e orgulho.

12/05/10

Porque é que José Sócrates não segue, por uma vez, aquele líder europeu que tanto o inspira? Zapatero já anunciou de forma clara as suas medidas de corte da despesa pública. Mas, com a suave conivência de um PSD que se revela no seu oco esplendor político, o caminho mais fácil será o trilhado: a subida dos impostos e uma dose de optimismo. Perante números satisfatórios referentes ao crescimento económico do primeiro trimestre, a proclama-se Portugal como campeão do crescimento.

Bento XVI em Portugal 2

Imagem daqui

10/05/10

Entardecer 15

Ontem

Ontem adormecemos nauseados com isto, não pelo acontecimento em si, mas pelas horas sem fim nas televisões nomeadamente nos canais informativos, que reduziram a informação a multidões a celebrar o título e opiniões dos populares (um vício do jornalismo primário que nos é fornecido pelas tvs). Um apontamento de dez minutos não chegava?

Hoje acordamos nauseados com isto. E, novamente, as promessas que se quebram, sem honra nem pudor, o que se disse ontem que se desdiz hoje e que amanhã também já será diferente, o ónus sempre do lado do contribuinte, o não percebermos uma política de contenção da despesa do estado, o sem rumo em que vivemos governados por gente desonesta e incompetente.

09/05/10

Bento XVI em Portugal


“A verdadeira missão da Igreja: ‘esta não deve falar primeiramente de si mesma, mas de Deus’”. (pág. 74)

O livro de Aura Miguel, bem organizado em torno de uma estrutura simples e eficaz, parece quase um guia (o essencial sobre...) sobre Bento XVI que nos conduz de forma eficiente e rápida, mas nunca ligeira, quer através do pensamento e preocupações teológicas e pastorais de Ratzinger/BentoXVI (o texto está recheado de citações suas de textos, intervenções e homilias vários e ao longo dos tempos), quer através da sua ligação a Portugal, quer dando-nos a conhecer o lado humano do actual Papa. Um trabalho que, apesar da aparente simplicidade e do pequeno número de páginas, é exaustivo, útil e de fácil leitura. Da vaticanista Aura Miguel.

08/05/10

Sobrevalorizado


Sentia-me um ser extra terrestre por não ter querido ver Inglourious Basterds quando esteve nos cinemas. O desejo de voltar a ser “normal” e a insistência de alguns levaram a melhor e por isso vi o filme recentemente (DVD) e já depois de toda a gente o ter visto e de saber todas as opiniões possíveis, que eram, por acaso quase unânimes: fabuloso, um hino (homenagem) ao cinema, inteligente, etc, etc. Quem sou eu para contradizer tanta unanimidade e sapiência? No entanto, confesso humildemente que o filme não me entusiasmou nem me tocou especialmente. Muito menos me deixou em êxtase ou deslumbrada.

Não apreciei o tema: um pelotão criado à margem da legalidade e da prática bélica aceitável constituído por marginais (ou quase) que se “vinga de nazis” de forma vândala, cruel e inaceitável. É demasiado próximo de uma má realidade para ser boa ficção. O tirar de escalpes ou o “tatuar” de testas não só vem na linha desta lei da selva que serve de pretexto para o filme, como é uma opção estética importante para Quentin Tarantino. O cineasta, mais uma vez aposta na provocação e em chocar o espectador com o seu rigor formal, que é, impossível negar, impecável. Só não é do meu agrado. Não gosto nem da ideia de tirar escalpes nem de ver escalpes, e muito menos do seu “trademark” que é o sangue a esguichar de cada vez que há uma agressão que envolta o mínimo contacto físico. Cenários totalmente salpicados de sangue ao menor pretexto, por muito válida que seja a opção de chocar, simplesmente não me interessam e confesso ver neles uma infantilidade que me faz tédio. O que diria Freud desta obsessão de Tarantino? A perversidade que poderia existir no filme fica em segundo plano, tal o impacto dos efeitos especiais que me lembram desenhos animados e que contrasta, por exemplo, com a intensa e desconfortável perversidade num muito bom filme que vi há meses, Laço Branco de Michael Haneke e que é de uma crueldade surda e de um rigor estético deslumbrante.


Os diálogos de Inglourious Basterds são interessantes, as piscadelas de olho a outros filmes que fizeram história são divertidas apesar de por vezes demasiado óbvias (a tal infantilidade), mas esses aspectos não “fazem” um filme. Não vislumbrei um humor digno de nota entre sangue a esguichar (com Tarantino o sangue nunca pinga, nem escorre, nem jorra; esguicha sempre), linguagem de séc.XXI, coisas várias que explodem e diálogos espertos. Aliás, se pensar em humor ainda me rio com A Serious Man (que já vi há algum tempo) dos irmãos Cohen, que do primeiro ao último minuto desafia o espectador pelo exasperante e incómodo humor do filme.


Sobra em Inglourious Basterds o cuidado e rigor formal e uma interpretação de Christoph Waltz merecedora do Óscar que ganhou. A partir de Pulp Fiction, Quentin Tarantino passou a cineasta sobrevalorizado.

06/05/10

Queen Victoria
Hoje bem cedo

Irreflectidamente


Há muitas maneiras de ser irreflectido. Conheço sobretudo quem, irreflectidamente, diga a verdade, quando esta é inconveniente. Há quem seja “sincero” e diga mais do que o que deve, ou simplesmente fale demais aborrecendo o outro com confissões e desabafos escusados. Outros, irreflectidamente, cortam rapidamente uma conversa com um “vai aqui ou acolá” ou um “vai-te fazer isto ou aquilo”, dependendo do tipo de calão de que normalmente fazem uso e insultando mais ou menos o interlocutor. Pôr-se em fuga também pode ser algo que se faz irreflectidamente, como ontem na Holanda, quando uma multidão fugiu de algo que não passou de um falso alarme. Há muitas formas de ser “irreflectido”, mas agora deparo-me com uma forma de expressar essa irreflexão que desconhecia e que é, nem mais nem menos, “tomar posse”. Parece que há quem, "irreflectidamente", “tome posse” de objectos que não lhe pertencem. Como diria o povo: se fosse pobre era ladrão, assim, como é político “toma posse”.

Ouvi na televisão Ricardo Rodrigues, mais uma face do Socratismo (*), em conferência de imprensa, declarar-se vítima de “violência psicológica insuportável”. Está visto que ser entrevistado – e provavelmente confrontar-se com a realidade e a verdade, mesmo passada, é demasiada pressão para RR, homem frágil e de sensibilidade delicada que, no entanto, “irreflectidamente” “toma posse” de objectos que não são seus. A natureza humana no seu melhor. Para seu bem, sugeria que deixasse a política, nomeadamente uma certa Comissão de Inquérito onde se interrogam pessoas de forma intensiva e onde factos complexos se tentam apurar e se dedicasse a um trabalho mais rotineiro e em que a exposição pública fosse menor: por exemplo um lugar administrativo num escritório bem longe dos olhares e pressão psicológica dos demais.

(*) As faces do Socratismo. Dever-se-ia fazer, um dia, a história das faces do Socratismo: começando por José Sócrates ele mesmo, passando entre outros pelo tio, o primo, os professores da Universidade Independente, os clientes dos projectos das casas, Armando Vara, Rui Pedro Soares, etc, e acabando em Pedro Silva Pereira.

02/05/10

Coisas que se podem Fazer ao Domingo 49

Yakshi Holding a Crowned Child with a Visiting Parrot
(India, West Bengal - Séc I AC)


Andar com o filho ao colo.

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