08/08/08

Aos 8 minutos das 8 horas do dia 8 do 8 do ano 2008

Imagem tirada daqui

Tinha a certeza de que iria gostar e tinha a certeza que seria muito conseguida em termos criativos e estéticos. Assim foi: imaginativa, poderosa, bonita, inteligente, organizada, eficiente, disciplinada, atenta a todos os detalhes.

Foi tudo tão perfeito que me lembrei das antigas paradas militares soviéticas na Praça Vermelha, em que se “exibe” poder. Esta cerimónia é uma versão show-biz, mas nem por isso menos light, de uma exibição de poder ainda mais amplo do que o mostrado nas paradas militares soviéticas, pois não é só o poder militar que está em jogo: é o poder económico, o poder criativo, inovador e tecnológico, o poder diplomático - estava lá quem tinha que estar: Bush com um discurso de há dois dias amplamente debatido pelos comentadores de serviço da RTP, Putin que calmamente apreciava o espectáculo como se tudo estivesse tranquilo na frente de combate, Lula da Silva de uma das grandes potências emergentes bem como representantes das monarquias democráticas europeias e japonesa, enfim a quase totalidade do “who’s who” político do momento que importa estva lá – e, last but not least, o poder político que uniu o país, isto é os chineses, neste esforço comum e neste desígnio nacional que é mostrar uma nova China moderna, inovadora e competitiva ao mundo. Os números impressionantes de chineses que participaram na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim e que de uma forma ou de outra se voluntariaram (ou não) para colaborar na organização, mostram sem margem de dúvida que “lá” se joga com uma escala bem diferente do que estamos habituados. Embora esta dimensão de poder político seja a menos visível no espectáculo, não deixa de ser importante e convém estar atento ao que fica ou não quando os convidados se forem, se limpar a casa, sacudir o pó, arrumar as cadeiras e regressar ao trabalho.

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