25/11/08

Ser ou não Ser Político

Via O Insurgente cheguei a esta entrevista de V. S. Naipul. É um dos melhores escritores actuais, porque escreve belissimamente, porque tem uma rara sensibilidade a tratar o que é ser membro desta raça que é a da humanidade, dos seus impulsos, medos forças e ambições, porque é um espírito livre, porque conhece o mundo, porque ousa ver o mundo e a realidade com um olhar diferente daquele olhar da habitual complacência que tanto abunda. Desde A Bend in the River onde expõe o pós–colonialismo africano e o seu mosaico de conflitos políticos, étnicos e corrupção, até Beyond Belief onde mostra a forte presença e crescimento do islamismo radical em meios e sociedades que gostaríamos e quereríamos insuspeitos, nada escapa a esta lucidez peculiar isenta de moralismos e falsas virtudes. Esta característica é sem dúvida politicamente incorrecta: este olhar sem culpa, sem justificar, sem explicar, sem tentar compreender,mostram uma liberdade incómoda e isso que já lhe valeu inúmeras críticas de alguns sectores políticos, a ele que confessa na entrevista não gostar de política. Depois de lermos as suas obras percebemos que a política, ele bebe-a na humanidade, na forma como, usando a imaginação que a ficção lhe permite, pensa nas coisas pequenas e vê uma imagem que, segundo ele cabe ao leitor analisar. O resultado é sempre, como não poderia deixar de ser, de uma actualidade desarmante.

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