21/10/07

Pó de Estrelas


É sempre de baixas expectativas e com alguma relutância que vou ao cinema ver os chamados filmes infantis ou de fantasia. Talvez por isso, quando gosto, sou surpreendida por esse facto e o valorizo mais. Tão mau como filmes infantis, senão pior, são para mim os filmes de efeitos especiais em que as pessoas para o comentarem usam palavras como “digital”, “tridimensional” e outras igualmente técnicas ou complicadas que nem entendo, nem me esforço por entender para designar explosões, perseguições, idas e vindas do passado e/ou futuro, visão profética, saltos de aviões bizarros para carros surreais, transfigurações e adivinhações visuais, (não James Bond não conta, é demasiado normal). Se juntarmos filme de fantasia para crianças e com efeitos especiais, as minhas expectativas são zero e a contrariedade elevada.

Assim, há uma margem importante para que o filme me cative e isso aconteceu com Stardust. Com excepção de alguns momentos explosivos, literalmente, quer em termos de ruído quer no que respeita à luz, algo exagerados e cansativos, o tempo passou depressa. A história é engraçada, algo ingénua e naïve, contada com humor e não é desprovida de inteligência, apesar de previsível desde o início na sua essência. O ritmo crescente prende-nos, a música algo épica ajuda a criar o ambiente de urgência, as personagens são provocadoras a todos os níveis: personalidades, roupas, adereços, maquilhagem (Michelle Pfeiffer, Robert de Niro, por exemplo) os cenários exteriores e interiores são interessantes e sem exageros formais nem fantasias excessivas e, confesso, que nem os efeitos especiais me pareceram pesados ou desajustados. É fácil envolvermo-nos sem resistência ou contrariedade naquela espiral de fantasia e na simplicidade simbólica do filme. Duas horas muito bem passadas no meio do pó das estrelas.

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