26/11/11

O que Sobra

Há uns meses assistíamos e enumerávamos criticamente os famosos encontros a dois entre Merkel e Sarkozy. Indiferentes à irritação de muitos europeus que se perguntavam se ‘isso’ é que era a União Europeia, eles encontravam-se (os inúmeros ‘beijinhos’ trocados à vista de todos ilustram as ocasiões) e cochichavam, mas aparentemente nunca tais encontros pareceram dar fruto, e entenda-se aqui 'fruto' como uma qualquer decisão (já nem sou exigente, uma qualquer). Aposto que ficarão para a história como isso mesmo: cochichos.

Depois desses encontros a dois ilustrados a ‘beijinhos’, a nossa atenção foi desviada unicamente para a senhora Merkel, cada palavra, cada tique, cada entoação, cada gesto: começa a confusão pois ao estarmos atentos é-nos impossível não ver as contradições, as incertezas, a demagogia, a fraqueza disfarçada pela retórica. Os comentadores, os artigos de opinião por essa Europa fora tentam interpretar as intenções, o que vem a seguir. Grécia, Itália, Espanha (por ordem cronológica e mediática), bem como a iniciativa de Durão Barroso quase que não importavam por si, mas sim pela reacção da senhora Merkel que cada vez mais se funde e identifica com o seu país a Alemanha. O que é que a Alemanha acha? O que é que a Alemanha pensa? A Alemanha isto, a Alemanha aquilo. Posteriormente começam os sussurros sobre a França e a Bélgica.

Nesta semana reataram os encontros a dois, e Merkel e Sarcozy falam de revisão dos tratados, falam do BCE. Será que finalmente se vê o fruto de tantas conversas a dois? Creio que virá tarde demais. A partir de agora já todos os olhos se viram para a Alemanha e começam as apostas sobre quanto tempo levará até que a crise da dívida soberana atinja a Alemanha. O que sobrará desta Europa (UE), que os estados criaram e que conhecemos, é agora a questão pertinente.

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