Não posso ter simpatia pelo que José Medeiros Ferreira diz hoje neste seu post. É verdade que o debate fica mais pobre. É lamentável que a sociedade perca alguém que “que tem ideias próprias, e positivas”. Mas o problema está no vocábulo ‘predador’ retetido vezes sem conta e que tem definido Strauss-Kahn, sem que seja desmentido de forma categórica, nem processados os que o fazem. O seu silêncio fala e parece que não há como desmentir. Aliás procurando bem pululam, e não só pela Europa, histórias (até acredito que algumas nem sejam verdadeiras) que confirmam essa condição predatória. Não estamos a falar de promiscuidade, de sedução ou de circunstâncias de igualdade; um cenário predatório é um cenário de desigualdade e pressupõe sempre uma presa. Neste cenário que, repito, não foi até hoje categoricamente desmentido, quer a igualdade quer o consentimento da outra parte é desvalorizado/ignorado. Enquanto mulher digo que não há inteligência nem debate que valha ou compense a falta de consentimento de uma só mulher. É simplesmente uma questão de princípio.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, (...) E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía.