A Manuela Ferreira Leite, outrora “a Velha”, não são hoje poupados elogios dos sectores mais diversos e surpreendentes (mesmo?) uma vez que conta entre quem a elogia aqueles que outrora disseram dela o que Deus não dizia do diabo, à esquerda e à direita. Mas isso era em 2009 quando José Sócrates persistia no mundo irreal e na irresponsabilidade que tantos votos arranjou, contra o discurso realista e sem graça da “Velha” que poucos cativava, e a esperança à direita se chamava Pedro, o jovem e liberal Pedro, com uma máquina comunicativa exemplar cujo grande objectivo era desacreditar Manuela Ferreira Leite em cada gesto em cada palavra. Para mim o Pedro nunca foi engraçado nem teve graça, e muito menos estava (está) talhado para primeiro-ministro, bem pelo contrário, mas houve tantos a persistir no conforto da irrealidade e no sonho, que levam agora com doses massivas de ‘experimentalismo económico e social’ (de acordo com a gíria comunicacional).
Ironias da vida política, esta unanimidade em torno de Ferreira Leite. Sempre me divertem as ironias, e os tempos estarão cada vez mais férteis em divertimento sem que precisemos de nos esforçar muito: ligar a televisão até meio distraído, ler umas manchetes, passar os olhos pelos blogues. Se ouvirmos com atenção, se lermos para além das manchetes, se olharmos bem para as caras de quem fala e se lembramos quem foram e quem são, corremos o risco de já não querer rir mais.