22/11/12

Dando Excessivamente Sobre o Mar (Edição Especial)

As Idades do Mar, a exposição temporária da Gulbenkian é para ver e rever. Só é preciso gostar de pintura, mas se se gosta de pintura e de mar, o feitiço funciona e ficamos ali quedos e mudos a olhar. A estrutura e organização da exposição é muito bem conseguida e, desde o momento em que se entra, percebemos que não faltarão quadros marcantes para ver e prolongar o nosso prazer. 

A contrastar com a qualidade da exposição (dos quadros) estão os textos que introduzem os diferentes temas, ou seja, as diferentes “Idades do Mar” e que deveriam guiar o espectador e funcionar como um prelúdio ao momento que se segue, isto é, aos quadros que se vão ver e que cabem nesse tema. Quem escreve os textos deveria fazê-lo a pensar no esclarecimento do público, que será sem dúvida um público heterogéneo; idades diferentes e níveis quer de escolaridade quer culturais diferentes. Isso seria tão simples que a tentação de complicar tudo foi irresistível, e os excertos dos textos que aqui deixo (há mais exemplos, é só darem-se ao trabalho de seguir o link e ler tudo), deixam-me siderada: 






Quem escreveu os textos fez uma opção clara: os textos, não serão funcionais, não cumprirão a sua missão de esclarecimento, de iluminação, não serão um prelúdio convidativo ao que se vai ver. Quem escreveu os textos (e quem os divulga), decidiu não ser compreendido pelo público em geral. Talvez tenham tentado produzir objectos de arte que competissem com os quadros... mas finalmente o resultado não foi além de uns textos que são exemplos de soberba e de arrogância intelectual dignas de figurar num manual de ilustração de como não se deve escrever para um público que apenas procura nesses textos, um esclarecimento, um motivo. Nestas ocasiões lembro os anglo-saxões e o quanto prezam a clareza, e lembro também esta máxima da arte de bem escrever do Economist


A frase é tão boa que não preciso dizer mais nada. 

Entretanto vou ali num instante "procurar com melancolia as matrizes dos tempos primeiros e perfeitos". Espero sinceramente não me "convulsionar em visões turbulentas, feitas de emoção, sentimento e vertigem". Desejem-me boa sorte.

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