03/06/07

Computadores e EMEL

Há duas noites, para meu azar, tive o carro rebocado pela EMEL. É verdade que não lembrei, (não quis lembrar) que estacionara em local de parquímetro, e a diligente EMEL penalizou a minha distracção. Na altura fiquei aliviada quando percebi que o carro não teria sido roubado sentindo, por um brevíssimo momento, a alegria que é ter o carro rebocado! Apressei-me a ir ao Parque de Estacionamento de Rebocados em Sete Rios para reaver o carro e pagar as inevitáveis multas e custos. Num escritório pequeníssimo, lotado - parece que as quintas feiras são dias de recolha intensa de veículos indevidamente estacionados - e em tudo hostil, também por causa das luzes brancas e agressivas, dois homens debatiam-se numa secretária cheia de papeis, formulários, telefones, calculadoras, fotocopiadoras e outros gadgets, perante os olhares impacientes daqueles que tinham pressa em levantar o carro. Mas pressa é inútil, e a paciência é um imperativo. Tudo naquele cubículo respirava o ar de burocracia, falta de modernidade e falta de tecnologia que este governo tanto quer combater. Os funcionários preenchiam (este é o único momento moderno: não sermos nós a preencher) vários formulários munidos de todos os documentos que se lembraram de nos pedir, nossos e do carro. Formulários únicos, em duplicado com folhas de cores diferentes, formulários curtos e outros longos. Fotocopiaram documentos, formulários, agrafaram para eles e para nós, e no fim tivemos que pagar. Sim, tinham Multibanco, mas surpresa: a parte que se refere à coima, €30, tinha que ser paga ou em dinheiro, ou em cheque, não podendo sê-lo através do Multibanco por um qualquer motivo simples de explicar para os funcionários, mas terrivelmente difícil de entender para nós. Bafejada pela sorte tinha esse dinheiro na carteira, mas quem o não tinha saiu, aposto que praguejando baixinho, em direcção ao Multibanco mais próximo, no Jardim Zoológico talvez.

Por favor Senhor Primeiro-ministro: quando distribuir os computadores lembre-se que não é só nas escolas que eles fazem falta, ao pessoal da EMEL e aos autuados também lhes dava jeito. Veja também se é possível que o Simplex lá chegue e que os procedimentos sejam simplificados reduzindo o papel utilizado como convém a um bom ecologista, e reduzindo significativamente o tempo lá gasto evitando perdas na produtividade nacional. Por último, será que uma palavrinha a alguém conhecido da PSP Trânsito e a alguém da CGD não poderia resolver o problema da incompatibilidade das coimas e do Multibanco?

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