04/03/10

Hoje há greve da Função Pública contra o congelamento de salários, penalização das pensões e contra a precariedade laboral. Num cenário de crise, em que a dívida pública cresce e o deficit atingiu, facto reconhecido finalmente pelo Ministro das Finanças, um nível elevado, em que todos os dias empresas, privadas, claro, abrem falência ou fecham e em que todos os dias mais pessoas ficam sem emprego engrossando as estatísticas do desemprego, parece-me difícil de perceber o que move os sindicatos para a convocação de uma greve. A crise atinge todos (através de congelamentos salariais, agravamento de impostos, etc) e precariedade é um dado na sociedade europeia de hoje, e os funcionários públicos têm que se habituar a esse conceito também. Os sindicatos para serem credíveis e contribuírem para uma maior justiça social e laboral, e para o desenvolvimento do nosso pais, têm que mudar essa forma dicotómica (marxista?) “bons e maus” ou “patrões e trabalhadores” ou “exploradores e explorados” de olhar para o país.

Não é por o governo ser do PS de José Sócrates, e por eu não gostar dele como Primeiro-ministro, que concordo com qualquer greve. Este não é momento para greves. Esta crise é resultado das opções de quem nos tem governado, e quem nos tem governado tem sido sempre sufragado em eleições. Sem eleições, não há governos, e para que alguém governe tem primeiro que ganhar eleições. Por isso é que eu gosto de discursos realistas e pouca conversa mole antes de eleições. Sobretudo nada de optimismos plásticos. Mas não tenho tido sorte nenhuma. Não é disso que os eleitores gostam.

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