26/05/10

Breve História de um Magalhães

Com o entusiasmo e urgência de quem quer uma caderneta de cromos do mundial, pede um Magalhães. Os argumentos contra são enumerados, são claros, são imbatíveis, são inflexíveis. Segue-se uma crise quase existencial que se ignora estoicamente. Um dia vem o argumento a favor, último e arrasador: a professora perguntou se já todos tínhamos o Magalhães porque mais tarde vamos usá-lo, e já todos (um todos que carrega o peso do mundo) têm, menos eu – dito com a raiva própria das grandes vítimas da injustiça. Semanas depois chega o Magalhães. Desfaz-se o pacote e liga-se o computador com o entusiasmo de sempre. Explora-se o seu potencial (tão limitado, não é?) e jogam-se os jogos, que fáceis demais, depressa se esgotam. Poucas semanas depois, menos do que as semanas que demora a esquecer a caderneta de cromos, o Magalhães dorme sono profundo num canto esquecido, quem sabe à espera que a professora o chame. Já passaram quase dois anos. Houve eleições, crise, mudança de prioridades, mudança de Ministra de Educação. A professora nunca mais falou do Magalhães, nunca o pediu, nunca o utilizou. Ainda bem.

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