22/04/12

Allons Enfants...

Tenho seguido ao longe a campanha presidencial francesa, mas nestes últimos dias li com mais cuidado o que na imprensa se vai escrevendo, mas voltei-me sobretudo para a imprensa britânica. Para além daquela distância e frieza típicas do jornalismo anglo-saxão, eu já sei que um olhar britânico sobre os francesas é sempre pontuado com mais ironia do que a utilizada normalmente, e isso faz com que a leitura seja, além de informativa, divertida. 

A percepção com que fiquei é a de que são identificadas duas grandes questões. A primeira, que não é nova, tem a ver com a dificuldade que a França tem de se olhar de se ver a si própria. De enfrentar a realidade dos problemas económicos e financeiros com que se debate. De evoluir: a sociedade francesa continua acorrentada a uma ideia de intelectualidade e esquerdismo, já há muito desusada. O artigo da BBC é particularmente irónico sobre esta imagem de político e de intelectual/esquerda que perdura entre os franceses. 

A segunda questão tem a ver com o sentimento anti-Sarkozy que domina hoje o ambiente político em França. Sarkozy não corresponde à imagem da elite política a que os franceses estão (estavam?) habituados; não perde tempo a louvar a ‘Grandeur de la France’; exibe alguns tiques de novo-riquismo, é exuberante, etc. Ironicamente os franceses são contra Sarkozy por questões pessoais mais do que políticas. François Hollande, como ilustra o cartoon do The Economist só consegue entusiasmar por ser tão diferente de Sarkozy, nunca por mérito próprio. 

Deixo aqui excertos de alguns artigos que li e que ilustram estas questões. 

(The Economist, The Anti-Sarkozy Vote) 

(The economist, A country in denial) 

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