António Costa é um homem novo. Na era socrática ele andava contido, mais tenso, de semblante fechado, e a sua participação na Quadratura do Círculo era monocórdica e cinzenta. Usava todo o artificio retórico ao seu dispor, bem como uma disciplina partidária de rigor, para desculpar ou justificar as acções do governo de então num processo algo penoso, nomeadamente do ponto de vista intelectual pois nem sempre é fácil explicar que dois e dois afinal não são quatro. Mas ele tentava com um discurso apologético e explicativo, onde por vezes, e face às provocações, não faltavam laivos de agressividade. Nunca ousava discordar aberta livremente o nosso ex-querido líder.
Agora as circunstâncias mudaram. Basta olhar para ele nas entrevistas, nos diferentes compromissos oficiais, políticos ou enquanto Presidente da Câmara de Lisboa: parece mais novo, mais aberto, o olhar brilha e sorri mais. Na Quadratura do Círculo o seu discurso ganhou em fluidez, em clareza começando a fazer um sentido (independentemente de concordar ou discordar), tem um propósito e é assertivo. Os seus modos estão mais soltos, exalam confiança, algum desprendimento (um ingrediente mágico) e o seu olhar é mais directo. Vê-lo no recente lançamento do seu livro era como ver um homem a abrir a porta para um futuro que lhe sorri. E cada semana que passa e o vejo na televisão ele persiste em nos mostrar o seu futuro, que continua a sorrir. Nós olhamos, nós esperamos, nós cá estamos para ver.