31/05/12

Bem-vindo À Europa, caro Senhor Obama

Ser bem aparecido, bem falante, e já agora como noutros tempos reparava Berlusconi, bronzeado, é bom, mas não basta para merecer cega admiração ou devoção. No entanto eu não consigo impedir-me de sentir alguma simpatia por si, recentemente ‘apanhado’ em mais uma gaffe na e sobre a Europa. Os campos de concentração só são polacos por estarem na Polónia, nada mais, claro. Mas toda a História presente nos campos de concentração na (e não ‘da’ Polónia) é demasiado densa e complexa para qualquer americano que da costa do Pacífico à costa do Atlântico só conhece um país, uma língua, um hino, por muito Harvard que tenha frequentado. Aliás a História da Europa é demasiado complexa até para os europeus que do Atlântico aos montes Urais partilham um território mais pequeno do que os EUA, mas têm um número que nunca é ‘definitivo’ de países, fronteiras pouco estáveis, um número incontável de línguas e dialectos e tradições cada uma mais antiga e importante do que a outra. 

A chamada crise grega - que não é um exclusivo da Grécia, nem começou na Grécia (mas sobre isso falaremos outro dia), e que todos os dias se revela em novos episódios - tem servido para perceber a desconfiança e sobretudo a ignorância que ainda temos uns sobre os outros e que nenhum Erasmo, com todo o seu inegável mérito, tem conseguido erradicar. Em momentos difíceis percebe-se o pulsar de antigas mágoas, feridas e a conflituosidade que habita a Europa por baixo das capas, dos discursos e das intenções, e do recente verniz europeísta feito de CEE, feito de UE, feito de Euros e dos ditos alegres e tão populares Erasmos. Bem-vindo à Europa, caro Senhor Obama.

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