11/03/07

Déjà Vu

Nunca me abandonou a sensação de “déjà vu”, ou de um sonho antigo já muito sonhado, ao ver o mais recente filme de Soderbergh “O Bom Alemão”: o preto e branco dos filmes cansados de há muitos anos e de tanto serem vistos, o grão irregular da película, o branco chocante, a música épica, os jogos de sombras nas caras, desde Eisenstein, e que a cor não permite, a mulher fatal dividida entre a sobrevivência e o dever, relegando o amor para um estatuto de luxo dispensável, a boca feminina sempre bem maquilhada lembrando Garbo, as pestanas longas lembrando Dietrich, o jovem que se crê adulto, o adulto que crê, o inocente no meio dos culpados, a luta pela sobrevivência dos que perdem, os jogos de poder de quem ganha, as vítimas que impedem a tranquilidade de todos, o fazer da Cortina de Ferro, os mais altos interesses das Nações, a cena final: o chapéu, o perfil, a subida para o avião. Tudo isto já visto vezes sem conta, esta foi mais uma. E fica a sensação de que foi esta viagem na memória que Sodebergh nos quis dar.

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