13/09/07

Mais umas moedinhas, por favor

Há uns anos atrás criticava-se Valentim Loureiro por distribuir fogões, máquinas de lavar roupa e outros electrodomésticos à população de Gondomar em plena campanha eleitoral autárquica. Hoje assistimos ao desfile de professores e alunos que, das mãos do Primeiro-ministro e de outros Ministros, e formando uma plateia bem comportada, recebem computadores com ligações à internet a preços competitivos. O gesto é o mesmo e é igual, em essência, a outro tão glosado em filmes de época, de um cavaleiro nobre e rico que atira moedas às gentes pobres que lhe rodeiam o cavalo. Coisas de outros tempos, coisa de outras sociedades.

Valentim Loureiro era movido por instintos de luta contra a pobreza e tinha como objectivo melhorar um pouco a qualidade de vida dos seus autarcas. José Sócrates é movido pelos restos guterristas da paixão pela educação, e pela sua obsessão com a tecnologia como se ela só por si pudesse resolver o índice de insucesso escolar e todos os problemas de atraso cultural e civilizacional que nos (a nós Portugueses) são atribuídos. Sem o desejo de aprender, sem disciplina, sem exigência, sem esforço, sem curiosidade, sem cultivar o espírito crítico, sem rigor, não há computador que melhore o índice de insucesso escolar, não há revolução tecnológica que melhore os níveis culturais do país. Pelo contrário, os alunos pensarão que no computador têm uma saída fácil para trabalhar, uma solução rápida para os problemas e dificuldades, os seus trabalhos serão (já o são tantas vezes, dizem) meros “copy/paste” da Wikipedia, e as navegações na internet serão feitas para se manterem em “contacto” com os amigos e passarão horas a fio no MSN, Chats, HI5, farão downloads, jogarão em linha, verão pornografia, etc, etc.

Mais sobre este assunto e o gesto político de campanha aqui, em O Major e o Aprendiz.

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