08/12/10

Das Agendas

Tudo o que, ao longo destes anos tem saído da boca do Primeiro-ministro tem-se revelado ser lixo. Pode vir embrulhado da forma mais sofisticada, subtil ou requintada, que isso pouca importância tem: a verdade vem sempre ao de cima e depressa percebemos que o que ele diz vale zero, não é nada, apodrece depressa e graças a Deus recicla-se mal, embora ele não desista, para enganar aqueles que gostam de ser enganados. O seu último lixo retórico é o slogan/palavra de ordem que uns habilidosos a quem todos nós pagamos inventaram: “Agenda para o Crescimento” dito (ouvi eu ontem na televisão) com aquele seu ar teimosamente determinado de quem vê que ele está bem e o mundo mal. Sempre negando evidências, e sempre centrado no seu umbigo, Sócrates acha que agendar a sua acção e a do seu comatoso governo, através de meia dúzia de medidas impostas e forçadas pela UE e pelo exterior (e por isso contra a sua vontade e contrariando o seu discurso habitual, mas que importa isso, não é?), e meia dúzia de anúncios (aquilo que ele é bom a fazer) que atirem um pouco de poeira para os olhos dos eleitores frustrados, desencantados e revoltados, pode começar a “inverter” o ciclo económico do país, e também acha provavelmente que o anúncio dessa Agenda com nome Crescimento pode “acalmar” os selváticos especuladores dos mercados financeiros, locais insalubres cheios de gente malvada e desinformada, que não gosta dele.

José Sócrates já está em ciclo pré-eleitoral: esta retórica plástica e que nada quer dizer até parece pensamento político meditado, propositado, com objectivo, com acção positiva e optimista que contrariará o que nos aguarda em 2011, mas de facto apenas camufla as mexidas na Leis Laborais que vai ser obrigado a fazer (e que já há muito que deveria ter sido objecto de revisão). É só para o que serve. Ficará em breve o vazio, ou não fosse a expressão o contra-senso que é, e o nenhum efeito que terá. Não nos livramos da crise económica tão cedo por muitas "Agendas" que Sócrates invente e por muito que pronuncie a palavra "Crescimento"; mas afinal, quando é que nos livramos de José Sócrates?

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