02/02/11

Inspiração e Concentração

Fiz uma sanduíche rápida para almoçar com o que tinha à mão: pão de Mafra barrado com um pouco de mostarda, um resto de salmão marinado, queijo fresco e agrião. Levei um tabuleiro para a sala, sentei-me em frente da televisão, liguei-a para ouvir novidades sobre o Egipto (a RTP já escreve Egito, e confesso que custa ver), mas antes de chegar a uns canais de notícias esbarrei com o chefe Chakall naquele programa em que ele anda numa carripana indescritível e com uma “cadelinha amorosa” que teve o azar supremo de lhe sair como dono o chefe Chakall e de andar a fazer figura de parva ao seu lado. É verdade: Chakall é um dos meus odiozinhos de estimação...

... desde a primeira vez que o vi. Aposto que o turbante que “lhe proporciona inspiração e concentração” (haja pachorra) esconde uma bela careca que não assume, o seu sotaque irrita-me, os olhos azuis são entediantes e previsíveis, a sua atitude carece espontaneidade e sinceridade, a sua conversa é mole. Sobram as receitas: não passam de umas combinações “espertas” que considero absolutamente dispensáveis e sem o mínimo “sentir” do que é a nossa cultura gastronómica. Nunca as consegui ver até ao fim com vontade, curiosidade ou apetite e por isso a vontade de as experimentar ou comer é absolutamente nula. Por favor, SICM, repitam o Jamie Oliver ou a Nigella (esses sim bons comunicadores e espontâneos nas suas “experiências gastronómicas”), ou vão à concorrência buscar o Henrique Sá Pessoa, mas tirem-nos o Chakall sobretudo neste programa em que tenta confraternizar espontaneamente com as minhotas e dialogar vivamente com os alentejanos.

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