Bolonha é uma cidade subestimada. Pode não ter a Praça de São Pedro do Vaticano, a Piazza Navona ou a Fontana Trevi de Roma, nem tem a Piazza del Campo de Siena, ou os canais de Veneza, os Uffici ou a Ponte Vecchio de Florença, (etc, etc), mas é uma cidade com um centro histórico magnífico, uma história riquíssima e uma vida interessante apesar de a ter visitado (pela primeira vez) agora em Julho e já findo o ano lectivo. A cor da cidade é aquela cor meia ‘torrada’ que conhecia da Toscana no verão que me encanta. Tirei inúmeras fotografias e arrisco-me a publicar muitas no blogue. Outra coisa boa de Bolonha é que não está inundada de turistas, não há bichas para nada, há lugar nos restaurantes, os museus estão quase às moscas (um pecado, diria) e na rua sentimos o pulsar de uma cidade ‘normal’, com gente simpática e cheia das actividades de cidades médias/pequenas ‘normais’ que fazem nas noites quentes de verão. Na terra do ragù e dos tortellini (al brodo e não só) comi lindamente, e a preços sem excessos. Passeei por ruas e ruelas, avenidas e praças (a pé e de bicicleta) sem enchentes mas com o buliço de uma cidade vibrante: gentes, vespas, carros. Olhei à volta e vi edifícios muito antigos ou menos antigos entre os postes e fios eléctricos de um prédio ao outro, a atravessar a rua, num caos italiano e a atrapalhar a fotógrafa (eu). Mas uma coisa boa na mudança de ares e nos passeios em Bolonha foi a oportunidade de - longe de noticiários e jornais - lembrar outras cidades, outros locais da Europa, e pensar, sentir e perceber essa matéria fabulosa de que a Europa é feita: a sua história. Faz falta voltarmos às raízes, sobretudo em tempos de dúvida.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, (...) E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía.