05/07/11

No fim de semana li no blogue Da Literatura esta notícia. Esperei uns dias para ver se lia algum desmentido, mas para além de uns comentários em blogues ‘mais à esquerda’ o silêncio ‘mais à direita’ foi grande: daqueles que se geram quando está um elefante na sala.

Enquanto leitora assídua do Portugal dos Pequeninos (PP), vou ficar a perder. Não encontrarei lá o escrutínio (às vezes implacável, quase sempre pertinente) à governação a que este blogue nos habituou – com José Sócrates, e até com Durão Barroso e Santana Lopes. Não lerei aqueles posts sarcásticos, irónicos e também eles implacáveis, às vezes no 'limite', que o PP dedicava a figuras como Silva Pereira, Santos Silva, Arnault e até a Miguel Relvas e Passos Coelho de outros tempos, claro, e que punham a nu a matéria de que são feitos tantos políticos hoje. Não verei o expor e o desmembrar de tantos tiques políticos e modos de fazer política, reveladores dos ‘sinais dos nossos tempos’: por exemplo da política do anúncio. Não lerei as suas críticas à 'acefalia' da comunicação social que bebe directamente e sem distância crítica, da fonte da central de informações governamental.

Enquanto leitora assídua do Portugal dos Pequeninos, e relembrando tanto do que lá se criticou e aclamou, confesso um espanto para além do previsível. Não consigo impedir-me de perguntar: porquê? Para quê? Em nome do quê? O blogue que citava Céline, Luiz Pacheco, Jean Genet, Jorge de Sena e se construía na herança de um certo tipo de ‘desajuste’, ‘revolta’, distância e liberdade patente nestes escritores, vai – ao que consta e sem nenhum desmentido por parte do João Gonçalves, a voz do blogue - ‘ajustar-se’. Uns posts mais ou menos literários e cheios de citações, que já são hoje o PP, farão de mim uma leitora menos assídua do blogue. Uns ganharão mais. Eu, lamentavelmente, ficarei a perder.

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