"Il n'y a eu aucune mesure prise en Belgique pour attirer un quelconque citoyen français", a déclaré le chef de la diplomatie belge sur RTL, perante a reacção do Primeiro-ministro francês à decisão de Gérard Depardieu de se mudar para a Bélgica e de obter um passaporte Belga. Toda uma polémica que se estalou em França, um país que se recusa a acreditar que, em primeiro lugar, haja franceses que possam querer sair de França (coisa que está a originar uma crise existencial francesa de dimensão exagerada e que parece ridícula), e em segundo lugar que haja alguém a romper uma mentalidade esquerdista dominante em que é normal aceitar que o equilíbrio das contas do estado se faça sempre através do aumento da carga fiscal. Basta, diz Depardieu para desespero do governo, e basta' dizem cada vez mais personalidades que simpatizam com Depardieu.
Se algo começa a funcionar na UE é a concorrência a nivel fiscal e a nivel de emprego; as pessoas começam a mexer, virar costas e sair. Mercenários? Claro que não, limitam-se simplesmente a procurar o que é melhor para elas.
Nós cá não temos disso; as nossas crises existenciais são prosaicas e simples - pouco dinheiro, maus políticos, falências, desemprego, corrupção. Nem nos lembramos que temos um umbigo quanto mais perdermos tempo a olhar para ele. Mas lembramos sim, com algum sabor amargo o nosso Primeiro-ministro e a sua ‘sugestão’ de emigração. E se não temos exactamente Depardieu, ou melhor, se os nossos actores não têm o salário de Depardieu, não ficamos atrás em talento e qualificação: temos cientistas, engenheiros, financeiros, gestores, enfermeiros, arquitectos, designers, informáticos, economistas, cantores, empresários, e até actores e tantos outros, todos os dias a emigrar. Emigração de luxo, emigração de sobrevivência, asilo fiscal, as várias faces de uma penosa realidade.