28/01/07

Botas e política

A comunicação social tem dado notícias das gaffes de Segolène Royale e eu acho que faz muito bem: que se desmonte o seu discurso redondo, cheio de “bom astral” mas vazio e incoerente, que se ponha a nu a inconsistência e superficialidade dos seus projectos, a ensaiada coreografia de idas aqui e ali para media ver, enfim, que se ataque a mulher política as suas ideias de esquerdismo luminoso. Mas que os ataques fiquem por aí: que não se discuta, porque irrelevante do ponto de vista político e revelador de algum preconceito datado, a oportunidade de um bikini na praia (não é isso que as mulheres usam? Será que deveria usar burka?) tal como se fez no verão passado e os paparazzi não cansaram de mostrar, ou a ousadia de usar saias e botas (deveria usar calças e sapatos? Ou burka?) (lido aqui). Segolène não é Margaret Thatcher, pertence a outra geração de mulheres e a outra cultura e não tenciona “anular” a sua feminilidade nem “masculinizar-se” para ter lugar na política. Nesse aspecto tem a minha admiração e simpatia. Que eu saiba até hoje ninguém criticou um homem na política por ele ser homem e usar roupas de homem e roupas que os demais homens usam.

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