
Estes dias de frio dão-me nostalgia de outros Invernos diferentes dos nossos. De Invernos em que não se sai à rua sem luvas nem cachecol, e em que os chapéus e gorros são uma necessidade. Invernos em que o sol nunca consegue aquecer, só iluminar. Invernos em que de manhã se tira inevitavelmente a película mais ou menos dura de geada ou gelo do pára-brisas do carro. Invernos em que a noite começa a cair às três e meia da tarde, em que o cinzento é a cor dominante e as lâmpadas eléctricas dos espaços interiores estão todo o dia acesas porque do exterior só vem escuro. Mas a grande nostalgia é a do encanto mágico e silencioso que se avista da janela quando uma manhã ao abrir a cortina se percebe que nevou toda a noite. Muita, muita neve, fresca, branca, espessa, imaculada a cobrir tudo. Nunca nos habituamos ao silêncio da neve que cai.