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Depois do espanto do primeiro momento, o dia começa a escrever-se na neve: a limpeza das estradas e ruas principais, as marcas dos carros nas ruas, as pegadas de quem passa, a mão que afastou a neve deste vidro, daquele parapeito. Depois a neve que na berma de um passeio começa a derreter mais parecendo gelo húmido, ou a que amolece a cai dos ramos das arvores, dos telhados, e a mais traiçoeira que à força de ser calcada e pisada pelos pneus se converte em gelo seco e liso pronto para fazer escorregar quem passa e ousa pisá-lo.