11/09/10

Não Sobra Mais Ninguém

Os incêndios mais ou menos dramáticos e intervenções avulsas (e erráticas) e mais ou menos pertinentes dos principais políticos de serviço: o sempre previsível José Sócrates e o banal Passos Coelho que, de comício em comício, festa em festa, ou em inaugurações dessas que só José Sócrates sabe como se fazem, não conseguiram ofuscar as duas figuras que, neste fim de verão a comunicação social nos tem imposto e forçado olhos dentro numa quase histeria impossível de evitar. São eles Carlos Queirós e Carlos Cruz.

O caso Carlos Queirós, apesar de eu ter feito questão em não tentar sequer entender o dito caso, acabou por se me impor e revelou-se em esplendor uma manobra pouco limpa para despedirem o treinador (nem quero perceber se haveria motivos legítimos – e desportivos de preferência - para o fazer). O caso e seus protagonistas, revelam uma pequenez, uma mesquinhice e uma falta de lisura total, e fica a sensação de que a FPF precisa de ser implodida. Aliás diria mais, (do alto da minha razoável ignorância futebolística), essa implosão não deveria ter já acontecido há muito tempo? Mais precisamente depois do mundial do Japão e da Coreia? Mas não, as múmias estão vivas e patéticas, agarradas ao seu lugar e, a mostrar vitalidade, até já prometem anunciar o novo treinador. Coitado! Que imagem do Portugal de hoje, esta é.

O caso Carlos Cruz. Surpreende-me (enfim, como se me surpreendesse mesmo, mas melhor acreditar que sim) a sua presença constantemente na televisão. Já nem o consigo ver. Tenho náuseas. É incompreensível a cobertura mediática que as estações televisivas lhe dão, o tempo de antena de que dispõe para advogar o seu caso, usando os seus conhecidos dotes comunicacionais. Nunca vi outro caso em que um condenado em 1ª instância tivesse acesso às televisões e dispusesse de tanto tempo para promover o seu caso e proclamar a sua inocência. Porque é que Carlos Silvino, a quem a comunicação social, sem consideração nem respeito, (ele não pertence ao "poderosos", não tem amigos influentes, nem fotografa bem para a Caras) teima em chamar com uma familiaridade que incomoda Bibi, não pode ir também ao programa Prós e Contras explicar o seu caso e justificar-se? Talvez esse conseguisse fazer correr alguma lágrima mais genuína. Porque é que os Chicos, os Necas, os Quims (será Kims?) e os Manos condenados em 1ª instância por abuso sexual, homicídio, assalto, violência doméstica, pedofilia ou tráfego de pessoas, nunca são entrevistados pela Judite de Sousa? Outro retrato do nosso Portugal patético e manipulável.

Carlos Queirós e Carlos Cruz. Parece que já não sobra mais ninguém.

Arquivo do blogue

Acerca de mim

temposevontades(at)gmail.com