19/09/10

Were Is the Ethical Foundation For Political Choices To Be Found?

Parece, para desgosto de tantos, que a visita de Bento XVI ao Reino Unido foi um sucesso. Os receios e os medos de que a visita do Papa fosse olhada com alguma indiferença, por uma população que apesar de, muito maioritariamente, se sentir cristã (segundo o que ouvi numa televisão britânica em que uma sondagem concluía que 70% da população se diz ser cristã) é cada vez mais “secular”, foram desmentidos não só pelos números dos que acorreram às celebrações e à rua, mas sobretudo pelo entusiasmo com que o Papa foi recebido pelos diferentes sectores da sociedade, nesta primeira visita oficial de um Papa ao Reino Unido desde a Reforma. A carga simbólica da visita foi também impressionante: a recepção pela Rainha, pelo Arcebispo de Cantuária e o encontro com a comunidade política em Westminster Hall, onde o Papa, no seu discurso, pode abordar os temas que lhe são caros e recorrentes: a fé e a razão, a política e a religião, e que se inserem na sua prioritária (re)evangelização da Europa.

Creio que haja, no calor da recepção ao Papa no Reino Unido, e até aqui em Portugal em Maio passado, uma falta de escândalo por essa noção de (re)evangelização, e até mesmo uma vontade de ser parte dessa (re)evangelização. Os europeus democratas e tolerantes, são hoje colocados perante múltiplas, complexas e perplexas questões que o relativismo, o multiculturalismo e a ciência lhes apresentam a cada dia que passa. Acredito que este Papa, com o seu discurso claro, firme e sólido lhes transmita alguma segurança e, pelo menos por um momento, lhes apresente um rumo para um futuro que não seja de insegurança e receio.

(As questões da moral sexual, nestes momentos, aparecem como absolutamente secundárias. Aliás, de uma maneira geral e como bem sabemos, os católicos já aprenderam há muito a divergir, em paz, com a doutrina da Igreja sobre estas matérias.)

No excessivo zelo das nossas estruturas sociais e políticas pelo respeito multicultural - um conceito amplo e vago que cada vez mais serve para tudo pois considera-se “cultura” qualquer manifestação de “estilo”, qualquer “prática” ou qualquer “opinião”, por mais bizarra e/ou minoritária que seja e por mais contra os valores de igualdade, dignidade e de respeito pelo ser humano que seja (a excisão feminina, por exemplo, que é praticada amplamente na Europa) - a sociedade Europeia corre o risco de esquecer a sua raiz cultural cristã que, num trabalho de séculos, permitiu a secularização, a tolerância pela diferença, o respeito pelo indivíduo e a democracia.

O Papa, no seu discurso em Westminster Hall, (excertos no próximo post) não escolheu um exemplo qualquer, tocou num ponto sensível a qualquer homem comum, que nem precisa de ser muito religioso: o Natal. Os Britânicos gostam desta festa e das tradições desta época do ano. Celebram o Natal ao longo de dias e de forma visível e hoje incomodam-se com o ressentimento que alguns sectores da sociedade demonstra face a essas celebrações. Por exemplo, repare-se na complicação que é para uma empresa organizar o seu tradicional jantar de Natal, que não só terá de se chamar “Festas do Solestício”, ou outra treta afim, como terá o menu de ter em consideração todas as restrições alimentares de todas as religiões existentes e de todas sensibilidades que se possam imaginar. Um pesadelo!

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